Com aumento do desemprego, R$ 851 milhões deixam de entrar no FGTS
O aumento do desemprego e a queda na renda do trabalhador reduziram em quase 10% a arrecadação líquida do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) nos primeiros cinco meses do ano.
A diferença entre os recursos arrecadados e os saques feitos foi de R$ 7,664 bilhões.
A queda coloca em risco as metas de investimento do fundo, que previa aplicar neste ano o valor recorde de R$ 77 bilhões em habitação, saneamento e infraestrutura.
Editoria de Arte/Folhapress |
O Conselho Curador do FGTS projeta ao fim do ano uma entrada líquida de R$ 14 bilhões, queda de 24% em relação ao ano de 2014.
Mas a estimativa já é considerada otimista pelo governo, pelo risco de que a queda no emprego e na renda se acentuem neste segundo semestre. A projeção oficial considera uma queda de 41% na média mensal da arrecadação líquida a partir de junho em relação aos cinco primeiros meses do ano.
Além da redução da arrecadação, o aumento do desemprego elevou os saques ao FGTS, em 14% até maio. A arrecadação bruta do fundo avançou menos, 9,4%.
O desempenho do FGTS vem perdendo força no momento em que o Congresso quer aumentar a remuneração das contas e o governo tem recorrido ao fundo para financiar habitação, compensando a falta de dinheiro da caderneta de poupança.
PROPOSTA
O governo descarta a possibilidade de os saques superarem as entradas neste ano.
Está preocupado, porém, com a proposta apresentada pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que praticamente dobra a correção dos saldos dos trabalhadores no FGTS.
Técnicos do governo não descartam a possibilidade de o Planalto apoiar uma sugestão da CBIC (câmara da indústria da construção), de usar parte do superavit anual do FGTS para aumentar a remuneração das contas, que teria uma parte fixa (os atuais 3% mais TR) e outra variável.
Se todo o ganho líquido do fundo em 2014 (R$ 10,8 bilhões) fosse distribuído, cada trabalhador teria um aumento adicional de cerca de 3% (a proposta é usar apenas parte de eventuais ganhos).
Representantes do governo avaliam que a proposta é positiva, pois não obriga o fundo a aumentar os juros de financiamentos para pagar uma correção maior. Além disso, se o FGTS não tiver lucro, não haverá ganho a ser distribuído ao trabalhador.
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