Partido do governo grego discutiu prisão de presidente do BC
Prender o presidente do banco central. Esvaziar os cofres do organismo. Esses foram os elementos de um plano secreto elaborado por uma facção mais à esquerda do Syriza (partido esquerdista que comanda a Grécia) para o retorno do país ao dracma, a antiga moeda local.
Esses pontos foram discutidos em encontro em Atenas no dia 14, depois da reunião da União Europeia em que o governo grego cedeu aos pedidos dos credores, deixando desapontados e desesperados membros do partido.
Esses planos, detalhados em entrevistas com participantes do encontro, dão uma ideia do caos e das manobras por baixo dos panos em um momento em que o país esteve muito próximo de deixar o euro, antes de o premiê Alexis Tsipras concordar com um pacote de até € 86 bilhões.
Eles também são um alerta sobre a determinação de um amplo grupo do partido de Tsipras para que o país volte a usar o dracma e o Estado aumente seu controle sobre a economia.
Entre as lideranças no encontro, estava o ex-ministro da Energia Panagiotis Lafazanis, que deixou o cargo após votar contra o pacote acertado com os credores europeus. "Foi um momento de grande tensão", disse um membro do Syriza, sobre o clima na abertura da reunião.
Mas até comunistas linha-dura ficaram surpresos quando Lafazanis propôs que o governo assumisse o controle do Nomismatokopeion (casa da moeda), onde está a maior parte das reservas do país.
"O nosso plano é adotar uma moeda nacional. É o que já deveríamos ter feito, mas podemos fazer agora", disse o ex-ministro, segundo pessoas presentes na reunião.
Segundo ele, os valores chegavam a € 22 bilhões e seriam usados para pagar a pensionistas e ao funcionalismo, além de garantir a importação de combustível e alimentos, antes do lançamento do novo dracma.
Enquanto isso, o banco central deixaria de ser independente e seu presidente, Yannis Stournaras, seria preso caso fosse contra o plano.
O plano mostra a determinação da ala mais radical do Syriza em atingir seus objetivos políticos, mas também sua falta de conhecimento sobre o sistema financeiro da zona do euro.
MOEDAS INÚTEIS
Por exemplo, os cofres do Nomismatokopeion não tinham nem metade dos € 22 bilhões. Os € 10 bilhões presentes seriam insuficientes para financiar o país durante os seis a oito meses necessários para lançar a moeda.
Mais: as moedas lá presentes logo seriam inúteis e o governo não poderia imprimir novas cédulas de euro. Isso porque, no momento em que o governo assumisse a casa da moeda, o Banco Central Europeu declararia que as cédulas eram falsificadas.
O ex-ministro não foi o único a sugerir que o país adotasse nova moeda. Yanis Varoufakis, que comandou o Ministério das Finanças até o início do mês, defendeu publicamente que o país emitisse títulos que substituiriam a nova divisa antes que ela fosse para as ruas.
Procurado, Lafazanis não quis comentar o tema. Seu porta-voz não negou o plano.
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