Envolvida na Lava Jato, Galvão está perto de acordo com credores
Eduardo Anizelli/Folhapress | ||
Flavio Galdino, responsável pela recuperação judicial da Galvão, durante entrevista |
A empreiteira Galvão, que pediu recuperação judicial em março, está muito próxima de fechar um acordo de pagamento de sua dívida com credores.
O plano apresentado pela empresa será votado em assembleia na próxima sexta-feira (28). A expectativa é que ele seja aprovado.
A Galvão é uma das seis empreiteiras envolvidas na Lava Jato que tiveram de buscar proteção da Justiça para escapar da falência.
Os credores da empreiteira reuniram-se nesta quarta-feira (19) no Rio de Janeiro na primeira convocação para a deliberação da proposta de reestruturação da companhia.
Os bancos pediram mais tempo para conseguir aprovações internas, mas até o momento mostraram-se de acordo com os termos apresentados.
A Galvão propõe que toda a dívida de R$ 1,8 bilhão da construtora e da holding, que estão em recuperação judicial, seja paga sem descontos.
A adesão dos bancos é crucial para o sucesso do plano. Juntos, eles têm cerca de R$ 1,5 bilhão a receber da empreiteira. Entre os credores, estão Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil, Votorantim e Santander.
"Estamos muito otimistas quanto à aprovação do plano. Os credores apoiaram o pedido de suspensão da assembleia e conseguimos conduzi-la com muita tranquilidade. Não houve liminar e os credores esclareceram suas dúvidas", afirmou Flavio Galdino, sócio do escritório Galdino, Coelho, Mendes, responsável pela recuperação judicial da Galvão.
SEM DESCONTOS
De acordo com o plano, os credores trocarão suas dívidas por debêntures emitidas pela NewCo, empresa criada para gerenciar o pagamento dos débitos. A construtora e a holding da Galvão ficarão, assim, sem dívidas.
Os recursos para a quitação das dívidas virão da venda de ativos do grupo, como a participação que possuem na empresa de saneamento CAB Ambiental, uma pedreira em São Paulo e a concessão da Rodovia BR-153, que liga Anápolis (GO) a Aliança do Tocantins (TO).
Também serão destinados à quitação das dívidas os créditos a empreiteira tem a receber da Petrobras. Atualmente, a Galvão discute com a estatal na Justiça o montante exato que tem a receber.
A empresa espera levantar cerca de R$ 2,5 bilhões com a liquidação dos ativos e a recuperação dos créditos, o que seria suficiente para quitar todas as pendências.
A venda das empresas será feita por meio de leilão judicial.
Se aprovado na próxima semana, o processo de recuperação judicial da companhia será um dos mais rápidos já feitos no país.
Há a expectativa que, com a liquidação dos ativos, os credores possam receber seus valores até o final do ano.
Oficialmente, contudo, a empresa ficará no processo de recuperação judicial por dois anos, como determina a lei.
A Galvão Engenharia possui 10% do consórcio construtor da usina de Belo Monte e toca obras como a ampliação da linha 5 do metrô de São Paulo.
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