Após falar com bancos, ministra se diz tranquila com financiamento da safra
Sérgio Lima/Folhapress | ||
A ministra da Agricultura, Kátia Abreu |
Após reunião com produtores agrícolas e representantes dos bancos privados e públicos nesta terça-feira (25) para discutir o financiamento da safra, a ministra Kátia Abreu (Agricultura) avaliou que, apesar da maior cautela dos bancos diante do cenário de incerteza econômica, não há, no geral, falta de recursos para o setor.
"Estão todos tranquilos no sentido de esperar que essa tendência de julho se repita no mês de agosto", afirmou Kátia Abreu a jornalistas.
Na segunda-feira, a Folha mostrou, no entanto, que o atraso na liberação de crédito estava empurrando para a frente a importação de insumos como sementes e fertilizantes, que fica dia a dia mais cara com a alta do dólar, que bateu R$ 3,64 nesta quarta.
Em meados de agosto de 2014, os agricultores de Mato Grosso, principal Estado produtor de soja, já haviam feito todas as suas encomendas de insumos. Atualmente, esse percentual está em 82%, segundo o Imea (Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária).
A ministra afirma que, depois de um primeiro semestre de retração do crédito para o custeio e comercialização da produção, os financiamentos tiveram uma alta expressiva em julho, alavancados pelo aumento dos desembolsos do Banco do Brasil.
Ainda assim, a ministra pediu aos bancos que levantem informações mais detalhadas sobre o desempenho do crédito por produto e por região para identificar eventuais gargalos. Uma nova reunião foi marcada para o final de setembro.
A iniciativa de convocar os bancos foi tomada diante de reclamações feitas por produtores sobre dificuldades de acesso ao crédito a menos de um mês do início do plantio da nova safra.
Abreu disse que não pode pressionar os bancos privados a reduzir a cobrança de garantias dos produtores, e que considera normal que, em um momento de ajustes na economia, as instituições fiquem mais exigentes na oferta de financiamento.
"De que forma a ministra da Agricultura vai interferir na iniciativa privada? Como eu posso ligar para um presidente de um banco privado e pedir que ele fique menos exigente com as regras e com as garantias? Não posso fazer isso. Agora, em relação aos bancos públicos não estou vendo redução de financiamento", afirmou Kátia Abreu.
O presidente da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), Márcio Lopes de Freitas, também afirmou que não há escassez de crédito, mas disse que a reunião com os bancos foi importante para reduzir a insegurança dos produtores no cenário de maior risco econômico.
O vice-presidente de Agronegócios do Banco do Brasil, Osmar Dias, afirmou que a cobrança de garantias "é um gesto de responsabilidade de quem gere um banco público" e informou que as operações de crédito rural do banco para o custeio aumentaram 93% em julho.
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