Variação cambial eleva em R$ 41,3 bi dívida de empresas em dólar
Narong Sangnak/Efe | ||
Cédulas da moeda americana |
A rápida desvalorização cambial vai afetar os resultados das empresas de capital aberto no terceiro trimestre. Ao final do segundo trimestre, as grandes empresas brasileiras tinham R$ 189,9 bilhões em dívidas em moeda estrangeira. Apenas com o efeito da variação cambial, o endividamento em dólares subiria em R$ 41,3 bilhões, alcançando R$ 231,2 bilhões na última quinta (3).
O cálculo, feito pela consultoria Economatica a pedido da Folha, considera 107 empresas com ações negociadas na Bolsa que divulgaram sua dívida em moeda estrangeira no segundo trimestre, além da variação cambial entre 30 de junho (R$ 3,10) e a última quinta-feira, quando o dólar fechou a R$ 3,776. Estão fora empresas como Petrobras e Vale, que pelo tamanho costumam distorcer a amostra, além dos bancos.
Para se ter uma ideia do tamanho do impacto do câmbio nos balanços, a despesa financeira devido à variação cambial, de R$ 41,3 bilhões no período analisado, seria maior do que o lucro operacional das companhias no segundo trimestre, de R$ 22,9 bilhões.
O levantamento também indica o grau de exposição das empresas à variação cambial. Ao final do segundo trimestre, as empresas tinham R$ 138,9 bilhões em caixa, o que seria suficiente para pagar o endividamento de curto prazo (R$ 41,68 bilhões), mas não cobriria o endividamento em moeda estrangeira de longo prazo, estimado em R$ 148,29 bilhões.
Dívida em moeda estrangeira* - Em R$ bi
Vale lembrar, no entanto, que o impacto efetivo do comportamento do dólar na saúde financeira depende de outros fatores, como operações de "hedge" (proteção) que permitam a cobertura da valorização do dólar no período.
Empresas que têm ativos fora do país ou exportadoras, com boa parte da receita em dólares, também teriam uma proteção natural contra variações bruscas da moeda norte-americana.
Para Ricardo Humberto Rocha, professor de Finanças do Insper, as empresas estão mais preparadas para lidar com a variação cambial do que na crise de 2009, quando o dólar disparou devido às turbulências geradas pela hipotecas subprime (segunda linha) nos Estados Unidos.
"Naquela época, a alota do dólar pegou as empresas de surpresa. Dessa vez, o cenário já vinha se deteriorando desde o final do ano passado, as empresas certamente se prepararam para uma desvalorização cambial por meio de operações de hedge", afirma.
Segundo Reginaldo Alexandre, presidente da Apimec (associação dos analistas), após os casos de Sadia e Aracruz, que quase quebraram em 2009, as empresas passaram a gerenciar melhor o efeito do dólar em seus balanços. Alexandre também ressalta que os reguladores e mesmo os bancos aperfeiçoaram os controles sobre exposição cambial.
A CVM (Comissão de Valores Mobiliários) passou a exigir que as empresas façam teste de sensibilidade para informar ao mercado o que aconteceria com seu balanço em caso de forte variação do câmbio. Já os bancos criaram uma central de registros de câmbio para saber a exposição total de uma determinada empresa no mercado. Até então, um banco não sabia o quanto uma empresa tinha de operação contratada com outra instituição financeira.
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