Nos EUA, investigação contra GM é suspensa após acordo de US$ 900 mi
Peter Morgan - 27.mar.2002/Reuters | ||
O modelo Saturn ION, um dos envolvidos no recall pelos problemas na ignição |
A General Motors aceitou pagar US$ 900 milhões para encerrar uma investigação criminal sobre um defeito de segurança vinculado a pelo menos 124 mortes.
O acordo anunciado nesta quinta-feira (17) encerra uma investigação de dois anos que manchou a reputação da GM e mudou o relacionamento da montadora com o governo norte-americano, que a resgatou durante a crise financeira.
A GM também fechou um acordo parcial em um litígio privado com motoristas, passageiros e familiares sobre a ignição, e outro acordo sobre uma disputa entre acionistas.
Além da multa criminal, que ainda não tem prazo determinado, a maior montadora dos EUA contabilizará US$ 575 milhões de multa no terceiro trimestre referente aos acordos privados.
Procuradores acusaram a GM de ocultar provas materiais de reguladores norte-americanos e de fraude em cadeia.
A companhia admitiu não ter revelado um defeito de segurança potencialmente letal nas ignições, o que fez alguns air bags não funcionarem. Também admitiu ter enganado consumidores sobre a segurança dos automóveis afetados pelo defeito.
Nos últimos meses, alguns dirigentes da GM anunciaram expectativas de que a empresa viesse a ter de pagar mais que o US$ 1,2 bilhão que a Toyota teve de pagar no ano passado por ocultar problemas de aceleração inesperada em seus veículos. A companhia também estava diante da possibilidade de ter que se admitir culpada de um crime.
"Se uma empresa coopera e concorda com os termos propostos, o governo recebe um bom dinheiro e as vítimas são deixadas na poeira", disse Susan Averill, nora de Jean Averill, morta aos 81 anos, em 2003, em uma colisão de seu Saturn Ion. A morte dela foi a primeira relacionada ao defeito de ignição nos carros da GM. "A mim não parece certo".
INÍCIO
Os problemas da GM se iniciaram em fevereiro de 2014, quando ela começou o recall de 2,6 milhões de unidades do Chevrolet Cobalt e outros modelos pequenos que tinham defeitos em seus comutadores de ignição. Pouco depois, começaram a surgir provas de que funcionários da empresa estavam informados sobre o defeito havia mais de uma década.
A companhia inicialmente declarou que estava ciente de 13 mortes relacionadas ao defeito na ignição. Hoje, a contagem de mortes é de pelo menos 124.
A GM pagou preço alto não só em termos de reputação mas de resultados financeiros. Teve de constituir uma provisão de quase US$ 4 bilhões para cobrir o custo dos recalls, que agora vão bem além do comutador de ignição, e pagou uma multa de US$ 35 milhões, na época um recorde, por não ter revelado o defeito às autoridades regulatórias assim que ele foi constatado.
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