Após recorde, dólar comercial reage à fala de Tombini e fecha abaixo de R$ 4
Após ter fechado na véspera em seu maior valor da história do real, o dólar comercial, utilizado em transações de comércio exterior, interrompeu uma sequência de cinco altas e encerrou esta quinta-feira (24) abaixo de R$ 4.
A moeda americana chegou a subir até a máxima de R$ 4,249 pela manhã, mas reagiu positivamente à fala do presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, de que a autoridade monetária possui diversos instrumentos para conter a volatilidade dos mercados e que não pretende elevar a taxa de juros (Selic) neste momento. Assim, o dólar comercial recuou 3,69%, para R$ 3,992 na venda.
Já o dólar à vista, referência no mercado financeiro, caiu 0,45%, para R$ 4,118. O mercado de juros também reagiu positivamente ao discurso do Tombini. A taxa de DI futuro para janeiro de 2021, por exemplo, chegou a bater 17% pela manhã, mas encerrou o dia em 16%, ante 16,80% na véspera.
Na Bolsa, o Ibovespa, principal índice de ações brasileiro, que chegou a cair mais de 2,5% durante a sessão, reduziu a perda para 0,11% no fechamento, aos 45.291 pontos. O volume financeiro foi de R$ 7,583 bilhões.
dólar comercial - Valor da moeda nesta quinta (24), em R$
"O Tombini fez menção pontual às reservas internacionais, que podem e devem ser utilizadas nesse momento de necessidade. O mercado estava bastante esticado, muito além daquilo que deveria", disse Fabiano Rufato, gerente de câmbio da Western Union no Brasil.
Fernando Bergallo, gerente de câmbio TOV Corretora, avalia que a falta de referências em um cenário de crise fiscal, econômica e política fez com que o mercado desenvolvesse "vida própria", o que justifica a forte oscilação do dólar nos últimos dias.
Apenas nesta quinta, por exemplo, a moeda variou mais de R$ 0,20. "É uma situação inédita até mesmo para quem já trabalha há anos no mercado financeiro. A falta de referências cria distorções."
No geral, a avaliação é que, apesar do efeito positivo da fala do presidente do Banco Central nesta quinta, os mercados de juros e de câmbio seguem pressionados.
"Não houve nenhuma melhora no campo econômico, fiscal ou político que nos leve a acreditar que a queda de hoje vai continuar. Pelo contrário, há ainda muita indefinição sobre como ficarão as alianças entre os partidos após a reforma ministerial e se elas terão força suficiente para aprovar as medidas de ajuste fiscal", disse Ignácio Rey, economista da Guide Investimentos.
A dificuldade que o governo tem enfrentado para chegar à uma solução para ajustar as contas públicas do país ampliaram a chance de corte na nota de crédito brasileira, a exemplo do que a Standard & Poor's fez no início do mês.
O receio é que o Brasil também perca o chamado grau de investimento da Fitch ou da Moody's. Com duas classificações de grau especulativo, grandes fundos estrangeiros têm que remover suas aplicações do país pelo risco maior de calote.
INTERVENÇÕES
O Banco Central realizou nesta manhã um leilão de 20.000 contratos de swaps cambiais por US$ 961,2 milhões. A mesma quantidade de papéis foi oferecida na véspera, quando houve demanda por apenas 4.400 papéis.
Desde abril, o BC não promovia leilões como este, em que coloca contratos novos no mercado. Mas a autoridade vem realizando operações diárias para estender o prazo de papéis já existentes de swap.
"As intervenções do BC não vão contribuir para uma queda sustentável do dólar. Isso não diminui a incerteza política, por isso não adianta ampliar as atuações se o objetivo for esse", disse Rey, da Guide.
Para Bergallo, da TOV, as intervenções são "desperdício de tempo e dinheiro". "Nenhum BC consegue 'peitar' o mercado. Não vai ser dessa forma que a autoridade vai conseguir inverter a tendência de valorização da moeda americana", afirmou.
Para conter a volatilidade, no entanto, as operações pontuais podem ser eficazes, segundo Rufato, da Western Union. "Além do BC, o Tesouro também tem anunciado leilões de títulos públicos, atuando mais contundentemente na compra e venda de papéis visando controlar a instabilidade de preços", afirmou.
O BC anunciou para esta sexta (25) a realização de um novo leilão de novos contratos de swap cambial, de US$ 1 bilhão, e de outra operação de empréstimos de dólares, no mesmo valor.
AÇÕES REAGEM
As ações preferenciais da Petrobras, mais negociadas e sem direito a voto, fecharam em alta de 2,05%, para R$ 6,96, após operarem em baixa por boa parte do pregão. Já as ações ordinárias, com direito a voto, se valorizaram 0,48%, para R$ 8,30 cada uma.
A Vale viu sua ação preferencial ceder 1,07%, para R$ 14,76, enquanto os bancos, setor com maior peso dentro do Ibovespa, subiram. O Itaú teve alta de 1,14%, enquanto o papel preferencial do Bradesco se valorizou 1,19% e o Banco do Brasil avançou 0,19%.
Do outro lado do Ibovespa, as ações de siderúrgicas lideraram os ganhos do índice, com a ação preferencial da Usiminas subindo 6,95%, para R$ 3,54, enquanto a CSN avançou 3,19%, para R$ 4,20. Ambas devolveram parte da forte perda de mais de 15% registrada na véspera.
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