Dólar e juros caem pelo segundo dia amparados por BC e Tesouro
A ação conjunta do Banco Central e do Tesouro para dar liquidez aos mercados de câmbio e de juros conseguiu trazer os preços e taxas de volta à "normalidade", na avaliação de analistas ouvidos pela Folha. Segundo eles, porém, a tendência de alta continua, pressionada pelas incertezas políticas e a crise fiscal e econômica no país.
O dólar à vista, referência no mercado financeiro, fechou esta sexta-feira (25) em baixa de 3,49%, para R$ 3,974 na venda. Na semana, no entanto, a moeda acumulou alta de 1,46% —a sexta semana seguida de avanço. Já o dólar comercial, utilizado em transações de comércio exterior, recuou 0,42% no dia e subiu 0,35% na semana, para R$ 3,975.
No mercado de juros futuros, a taxa do contrato para janeiro de 2016 caiu de 14,670% para 14,630%. O DI para janeiro de 2017 apontou taxa de 15,600%, ante 15,670% na sessão anterior. Já o contrato para janeiro de 2021 cedeu de 16,000% para 15,730%.
O BC realizou nesta sexta dois leilões de novos contratos de swaps cambiais, que movimentaram juntos cerca de US$ 1,971 bilhão. A operação equivale a uma venda futura de dólares. A autoridade também deu sequência à sua atuação diária para estender o prazo de papéis já existentes, que girou US$ 443,1 milhões.
A intervenção teve reforço de empréstimos de até US$ 1 bilhão com compromisso de recompra em 4 de janeiro de 2016. O objetivo é dar liquidez aos mercados: ou seja, mostrar que haverá compradores e vendedores a qualquer preço que os ativos atingirem, reduzindo a volatilidade das cotações.
A autoridade monetária tem atuado em conjunto com o Tesouro, que anunciou na quinta-feira (24) o lançamento de um programa de leilões diários de títulos públicos.
Infográfico: Cotação histórica do dólar
"A ação coordenada do BC com o Tesouro trouxe o mercado de volta à 'normalidade', corrigindo distorções no preço do dólar e das taxas de juros futuros, que foram alvo de muita especulação nos últimos dias", disse Luciano Rostagno, estrategista-chefe do Banco Mizuho do Brasil.
"Apesar da ação conjunta do BC e do Tesouro ter ajudado a corrigir distorções do mercado, o cenário continua o mesmo: sem melhora nos cenários econômico, fiscal e político. Por isso, dólar e juros devem voltar a subir, embora as intervenções inibam um movimento especulativo tão forte quanto estávamos vendo", afirmou Rostagno.
Para Fabiano Rufato, gerente de câmbio da Western Union no Brasil, "o mercado estava bastante esticado, muito além daquilo que deveria". Rufato destacou a possibilidade apontada pelo presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, de a autoridade usar as reservas internacionais em suas atuações no câmbio.
Na visão de Fernando Bergallo, gerente de câmbio da TOV Corretora, enquanto o governo não conseguir tomar medidas eficazes para reverter o quadro deteriorado da política e da economia do país, as intervenções do BC no câmbio serão "desperdício de tempo e dinheiro".
"Nenhum BC consegue 'peitar' o mercado. Não vai ser dessa forma que a autoridade vai conseguir inverter a tendência de valorização da moeda americana", afirmou o gerente da TOV.
AÇÕES EM QUEDA
O principal índice da Bolsa brasileira registrou instabilidade no início do dia, mas firmou tendência de queda durante a tarde, após dados do mercado de trabalho brasileiro mostrarem o corte de quase 1 milhão de vagas em 12 meses até agosto.
O Ibovespa fechou em baixa de 1,02%, para 44.831 pontos —menor pontuação em um mês. Na semana, houve queda de 5,15%. O volume financeiro foi de R$ 5,523 bilhões.
No exterior, as Bolsas de Nova York fecharam com sinais opostos: o índice Dow Jones subiu 0,7%, enquanto o S&P 500 ficou praticamente estável, com leve queda de 0,05%, e a Nasdaq teve recuo de 1,01%. Na Europa, os principais índices de ações ganharam mais de 2%.
"A força refletiu a fala da presidente do banco central dos EUA na véspera", disse Ricardo Kim, analista-chefe da XP Investimentos. "Yellen demonstrou menos preocupação com o impacto da crise global na economia americana, o que indica que ela está mais forte do que o imaginado. Essa análise é corroborada pela sinalização de que os juros por lá deverão subir ainda em 2015."
As ações preferenciais da Petrobras, mais negociadas e sem direito a voto, caíram 2,01%, para R$ 6,82. Já as ordinárias, com direito a voto, tiveram desvalorização de 2,65%, para R$ 8,08 cada uma.
No mesmo sentido, as ações preferenciais da Vale recuaram 3,52%, para R$ 14,24. Os bancos, setor com maior peso dentro do Ibovespa, também fecharam no vermelho: Itaú caiu 2,43%, enquanto o Bradesco teve baixa de 2,30%. O Banco do Brasil recuou 3,05%.
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Atualizado em 17/05/2024 | Fonte: CMA | ||
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