Sauditas resgatam até US$ 70 bi de fundos internacionais, diz jornal
A Arábia Saudita retirou dezenas de bilhões de dólares investidos por meio de administradores internacionais de ativos, em um esforço do reino petroleiro para reduzir seu deficit cada vez maior e a exposição a mercados voláteis de ações, num momento em que os preços do petróleo não param de cair.
Nigel Sillitoe, presidente-executivo da Insight Discovery, uma empresa de informações sobre serviços financeiros, disse que administradores de fundos estimam que o banco central saudita tenha retirado entre US$ 50 bilhões e US$ 70 bilhões dos mercados nas últimas semanas.
As reservas cambiais da Agência Monetária da Arábia Saudita (Sama) caíram em cerca de US$ 73 bilhões desde que os preços do petróleo começaram a recuar, no ano passado, enquanto o país continua a gastar pesado para sustentar sua economia e bancar sua campanha militar no Iêmen.
"A grande questão é quando eles voltarão, porque os administradores vinham dependendo bastante do dinheiro da Sama nos últimos anos", ele disse.
Desde o terceiro trimestre de 2014, as reservas da Sama mantidas em forma de títulos estrangeiros caíram em US$ 71 bilhões, o que responde por praticamente toda a redução de US$ 72,8 bilhões em ativos internacionais do país.
Outros executivos do setor dizem que os sauditas retiraram mais de US$ 70 bilhões dos administradores que empregam.
Embora parte do dinheiro tenha sido usada para cobrir o deficit, esses executivos dizem que o banco central está também buscando reinvestir em produtos mais líquidos e de menor risco.
"Eles não estão confortáveis com sua exposição a ações internacionais", disse outro administrador.
Administrares de fundos com fortes vínculos para com os fundos nacionais de investimento do Golfo Pérsico, a exemplo da BlackRock, Franklin Templeton e Legal & General, receberam pedidos de resgate, de acordo com pessoas informadas sobre o assunto.
Alguns administradores de fundos registraram bilhões de dólares em resgates, ou o equivalente a entre 20% e 25% dos ativos sauditas que tinham sob administração.
Instituições como a State Street, Northern Trust e BNY Mellon têm muitos ativos sob administração e portanto maior probabilidade de sofrer grandes baques com a retirada de fundos pelos governos do Golfo Pérsico, acrescentam as fontes.
"Não ficamos muito surpresos", disse outro administrador de fundos. "A Sama está operando com alto risco há algum tempo e estávamos preparados para isso".
A Sama ao longo do anos estabeleceu relacionamentos firmes com muitas instituições que administram investimentos para os sauditas, entre as quais Aberdeen Asset Management, Fidelity, Invesco e Goldman Sachs.
A BlackRock, que executivos financeiros descrevem como administradora de fundos com maior volume em capital do Golfo Pérsico em suas carteiras, já reportou saída de capitais da Europa, Oriente Médio e África.
Seus resultados financeiros no segundo trimestre indicam saída líquida de US$ 24,1 bilhões da Europa, Oriente Médio e África, ante entrada líquida de US$ 17,1 bilhões no primeiro trimestre.
Os participantes do mercado dizem que a saída de capitais é explicada em parte por resgates da Arábia Saudita e de outros fundos de investimento nacionais do Golfo Pérsico, como o de Abu Dhabi.
A Black Rock e outras administradoras de fundos se recusaram a comentar ou não responderam a pedidos de comentários. A Sama não respondeu a pedidos de comentários.
RESERVAS EM QUEDA
O banco central saudita também está recorrendo a bancos nacionais para financiar um programa de emissão de títulos que compense a rápida queda nas reservas.
Este mês, diversas administradoras de fundos foram atingidas por uma nova onda de resgates, depois de uma rodada inicial de saques este ano, disseram pessoas informadas sobre o assunto.
"Foi nossa Segunda-Feira Negra", disse um administrador de fundos, se referindo ao grande volume de ativos retirados pela Arábia Saudita na semana passada.
As instituições vinham se beneficiando há anos do volume crescente de ativos dos países ricos em petróleo do Golfo Pérsico que tinham sob administração, mas agora estão sentindo o aperto, depois do colapso dos preços do petróleo no ano passado.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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