5 desafios para quem está sem emprego no Brasil
A taxa de desocupação chegou a 7,6% em setembro, segundo pesquisa do IBGE realizada em seis regiões metropolitanas.
É a primeira vez em oito meses que a taxa não piora. Mesmo assim, o contraste com o índice de 4,9% de setembro de 2014 é grande.
A deterioração do mercado de trabalho tem aumentado os desafios para quem está sem emprego.
Desemprego - Taxa de desocupação, em %
1) Com renda em baixa, mais gente precisa trabalhar
Um dos fatores apontados pelo IBGE como motivo pelo qual mais gente tem buscado emprego é o fato de que o rendimento médio tem caído.
Rendimento real habitual - Em R$
Para compor a renda da família em baixa, pessoas que não estavam procurando trabalho e não entravam nas estatísticas dos desempregados entram nas filas das entrevistas por vagas.
Isso também significa que está ficando mais difícil para as famílias garantir que jovens atrasem a sua entrada no mercado de trabalho para estudar, por exemplo.
2) 1 milhão de vagas formais cortadas em um ano
Essas pessoas vão disputar vagas com gente que foi demitida recentemente. O mercado formal cortou quase 1 milhão de vagas em um ano, segundo dados do Ministério do Trabalho e Emprego.
3) Informalidade aumenta
Segundo dados da Pesquisa Mensal de Emprego do IBGE, entre setembro de 2014 e o mesmo mês de 2015, os setores com os maiores cortes de vagas em seis regiões metropolitanas pesquisadas foram a indústria, com 149 mil postos fechados, e o de serviços prestados a empresas, com 148 mil vagas perdidas.
Por se tratarem de dois setores com altas taxas de emprego com carteira assinada, as quedas têm forte impacto sobre o mercado formal, o que significa uma piora da qualidade do emprego em geral.
A redução de vagas formais foi de 3,5% no período, segundo o IBGE. A busca por trabalhos como doméstico, atividade com altos índices de informalidade, triplicou em agências especializadas.
Ricardo Borges/Folhapress | ||
Cristiane Souza, vestindo o seu antigo uniforme de soldadora. Após demissão, trabalha como diarista |
4) Seguro-desemprego mais difícil
Apesar de haver mais gente sendo demitida, a concessão de seguros-desemprego pelo governo tem diminuído.
Média mensal de beneficiários do seguro
Isso se explica em parte por regras mais duras adotadas pelo governo na concessão do benefício, uma forma de enxugar gastos em meio à queda da arrecadação.
Antes, era necessário ter trabalhado seis meses ininterruptamente para obter o benefício. Com a mudança, esse tempo foi ampliado para 18 meses.
MUDANÇAS TRABALHISTAS - Alterações entram em vigor neste fim de semana
Um outro motivo para a queda do nível de emprego é, ironicamente, o próprio desaquecimento do mercado de trabalho. Isso diminui a criação de vagas temporárias, a rotatividade e, consequentemente, a concessão do seguro para quem está entre um trabalho e outro.
Crise do emprego - Desempregados que levaram mais de 6 meses para encontrar rabalho
A saída do seguro-desemprego de, em média, 600 mil beneficiários por mês tende a pressionar mais o mercado de trabalho.
5) Final de ano fraco deve barrar contratação de temporários
O final do ano é, tradicionalmente, uma época de contratações para suprir a demanda extra do Natal.
Neste ano, porém, nove em cada dez empresas do comércio varejista e de serviços não contrataram nem pretendem contratar funcionários temporários, segundo levantamento feito pelo SPC (Serviço de Proteção ao Crédito) Brasil e pela CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas).
Quase metade das empresas que não vão abrir vagas temporárias acredita que a atual equipe de trabalho será suficiente para atender os consumidores, já que a perspectiva de vendas é menor neste ano.
A previsão é de 24,5 mil vagas temporárias criadas no país neste ano. No ano passado, previa-se a abertura de 209 mil vagas temporárias —o SPC ressalta que mudanças de metodologia não permitem, no entanto, uma comparação perfeita entre as duas pesquisas.
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