Trabalhadores da Petrobras começam greve em 8 Estados; FUP deve aderir
Vanderlei Almeida/AFP | ||
Em janeiro, trabalhadores da companhia já haviam protestado em frente à sede da empresa |
Trabalhadores da Petrobras iniciaram greve em oito Estados nesta quinta-feira (29), reclamando de lentidão nas negociações sobre salários e do plano de venda de ativos da estatal, informou a Federação Nacional dos Petroleiros (FNP), que representa cinco sindicatos da categoria.
Nesta manhã, havia paralisações em São Paulo, Rio de Janeiro, Alagoas, Sergipe, Pará e Amazonas, com forte mobilização em terminais portuários da Petrobras na região de Santos e Cubatão (SP), segundo informações da FNP. Também haveria adesão de trabalhadores em plataformas nos campos de Mexilhão e Merluza, na Bacia de Santos.
Até o momento não há relatos de impacto na produção de petróleo e derivados.
A Federação Única dos Petroleiros (FUP), que representa outros 12 sindicatos, também promete entrar em greve, trazendo mais força ao movimento, segundo o representante dos trabalhadores no Conselho de Administração da Petrobras, Deyvid Bacelar.
Dentre os sindicatos da FUP, está o Sindipetro Norte Fluminense, que representa funcionários da Bacia de Campos, onde é produzido mais de 70% do petróleo do Brasil.
A FUP, federação ligada ao PT, deve anunciar ainda nesta quinta a data de adesão ao movimento.
O secretário-geral da FNP, Adaedson Bezerra Costa, disse que a adesão na refinaria Presidente Bernardes, em Cubatão, seria de 100% entre os funcionários do turno atual, que não entraram para trabalhar.
Segundo ele, os trabalhadores que começaram o turno na quarta-feira às 15h ainda estão na unidade, mantendo-a em funcionamento.
"A gente está impetrando um habeas corpus para tirar o pessoal de lá", disse Costa.
ADESÃO DA FUP
De acordo com Deyvid Bacelar, que também é presidente do Sindipetro Bahia, a FUP se reúne nesta quinta às 15h com o Ministério Público do Trabalho (MPT) com o objetivo de cumprir as regras para a deflagração da greve. Segundo o representante, é a terceira audiência com o MPT com esse objetivo.
O estado de greve já foi aprovado em assembleias realizadas pelos sindicatos filiados à FUP há mais de um mês, portanto, a greve pode ser comunicada a qualquer momento. No entanto, os trabalhadores precisam apenas notificá-la 72 horas antes.
Apesar da proximidade da FUP com o PT, os principais pontos da pauta da federação buscam pressionar o governo federal por maior interferência nas decisões da empresa, tentando evitar demissões, em momento em que a estatal passa por uma reestruturação e faz cortes de custos.
Dentre as demandas da federação estão a reposição de empregados por meio de concurso público, reformulações da política e gestão de segurança, meio ambiente e saúde, continuidade de grandes obras da companhia e a revisão do plano de desinvestimentos da companhia.
"Estamos preocupados porque a nova gestão [da Petrobras] tem entendido que esse [venda de ativos] é o principal pilar para sanar a questão financeira da empresa, e nós entendemos que não, temos outras alternativas, precisamos revisar os ativos que foram negociados", afirmou Bacelar.
De acordo com ele, os ativos negociados são estratégicos para a Petrobras e para o país.
Bacelar disse ainda que os representantes dos trabalhadores também estão se movimentando em Brasília para evitar que projetos tramitando no Senado e na Câmara derrubem a obrigatoriedade de a Petrobras ser operadora única do pré-sal.
Procurada, a Petrobras repetiu o posicionamento de quarta-feira, sem informar se a paralisação de funcionários afeta a produção de petróleo ou o refino.
Segundo a nota enviada por e-mail, a Petrobras encaminhou às entidades sindicais uma nova proposta para as cláusulas econômicas do acordo coletivo e informou que vai realizar reunião com os trabalhadores na tarde desta quinta-feira.
A FNP ainda está coletando dados sobre a adesão à greve no Rio de Janeiro, Alagoas, Sergipe, Pará e Amazonas.
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