Facebook simula 'internet lenta' para compreender frustrações de usuário
Stephen Lam/Reuters | ||
Mark Zuckerberg, presidente do Facebook, na sede da empresa, na Califórnia |
Mark Zuckerberg, o fundador do Facebook, lançou uma experiência incomum em sua visita à Índia nesta semana: as "terças-feiras 2G", uma oportunidade semanal para que o seu pessoal de tecnologia no Vale do Silício experimente de que maneira seus apps de redes sociais funcionam com uma conexão de internet dolorosamente lenta, a fim de ajudá-los a compreender as frustrações dos usuários nos mercados emergentes.
Nas terças-feiras 2G, funcionários mais acostumados a serem transportados para o trabalho em ônibus com acesso wi-fi podem optar por serviços telefônicos que simulam a velocidade de uma conexão 2G, e o Facebook espera que a irritação causada pela espera por download de perfis desperte novas ideias que façam com que o app para celular funcione mais rápido.
Embora a ideia tenha cara de truque de marketing, ela tem um fundo sério. Com a desaceleração no crescimento de sua base de usuários em países ricos, o Facebook e outros grupos norte-americanos de tecnologia, como o Google e Twitter, estão na corrida por conquistar usuários em mercados de crescimento mais acelerado, por exemplo Índia e Indonésia. Mas lutam para adaptar a eles os seus serviços projetados para conexões 4G e que consomem muita banda.
"Realmente desejamos atrair o próximo bilhão de usuários para a rede", disse Zuckerberg em uma reunião com usuários em Nova Déli na quarta-feira. Para isso, ele disse que o Facebook havia reconfigurado seu app a fim de usar apenas um décimo da banda que requeria alguns anos atrás. No começo do ano, a companhia também lançou o Facebook Lite, uma versão de seu app para smartphones dirigida a mercados emergentes.
O Facebook tem a Índia na mira. Sem acesso à China, onde a internet é vigiada de perto, a Índia é o segundo maior mercado do grupo de tecnologia norte-americano, em termos de número de usuários. Cerca de um décimo do 1,3 bilhão de habitantes da Índia usam o Facebook, e o sistema de mensagens WhatsApp, controlado pela empresa, também é popular.
O rápido crescimento da empresa no país parece destinado a continuar. Estimativas do Facebook sugerem que a Índia ultrapassará os Estados Unidos e se tornará o maior mercado da empresa em 18 meses. O grupo de pesquisa de mercado eMarketer diz que o número de usuários ultrapassará os 200 milhões em 2017, depois de superar a marca dos 100 milhões este ano.
Mas nem todos esses usuários são iguais. Cerca de metade dos 300 milhões de indianos que têm acesso à internet o fazem por meio de celulares 2G básicos, de acordo com o grupo de pesquisa Convergency Catalyst. O dado que mais impressiona é que um terço dos proprietários de smartphones na Índia não tem conexão com a internet, em geral por medo de acumular contas caras.
O Facebook não é o único grupo do Vale do Silício a se reformular a fim de conquistar pessoas dotadas de conexões precárias. O Google, por exemplo, lançou uma versão de seu serviço de busca para conexões de baixa velocidade, bem como uma opção de uso offline do site de vídeos YouTube.
Mesmo assim, Zuckerberg parece enamorado da Índia e de seu potencial de crescimento. Durante a visita desta semana ele postou fotos que o mostram sorrindo diante do Taj Mahal. No mês passado, deu um grande abraço no primeiro-ministro indiano Narendra Modi durante a visita deste à sede do Facebook no Vale do Silício, e recordou a jornada espiritual que fez a um templo indiano por recomendação de Steve Jobs, então presidente-executivo de Apple.
Mas a despeito dos entusiasmos de seu fundador, nem todos os esforços do Facebook para conquistar os mercados emergentes estão correndo de acordo com o plano.
O programa internet.org, que a companhia criou para oferecer serviços online gratuitos - e acesso à rede social - aos moradores de 19 países de baixa renda foi criticado por violar o princípio da "neutralidade da rede", sob o qual toda forma de tráfego na internet deve ser tratada da mesma forma. Zuckerberg defendeu o problema em Nova Déli na quarta-feira, rebatendo gentilmente as críticas recebidas. "As pessoas que lançam petições online pedindo pela neutralidade de rede já têm acesso à internet", ele disse.
No entanto, o maior desafio é descobrir como ganhar dinheiro com as pessoas que têm acesso à internet nos mercados emergentes. O Facebook extrai praticamente toda a sua receita da publicidade, e obteve algum sucesso ao persuadir companhias indianas a deixar de lado a tradicional publicidade em televisão e mídia impressa e optar pela internet, especialmente em setores como o comércio eletrônico.
Mesmo assim, lugares como a Índia têm mercados minúsculos de publicidade digital, se comparados a países como o Japão e os Estados Unidos. O faturamento médio por usuário do Facebook, lá, é uma pequena fração do que a empresa obtém em mercados mais maduros, fato que os analistas sugerem não deve mudar rapidamente.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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Atualizado em 10/06/2024 | Fonte: CMA | ||
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