Presidente do Alibaba critica alfândega do Brasil
Superar os problemas de infraestrutura e logística no Brasil é o grande desafio para as operações no país do gigante chinês Alibaba, maior empresa de comércio eletrônico do mundo.
Segundo Michael Evans, presidente do grupo, mesmo com a queda da demanda no Brasil, agravada pela desvalorização do real, o que mais dificulta os negócios da empresa no país é a lentidão da alfândega.
As declarações foram feitas enquanto transcorria o "Dia dos Solteiros", como é conhecida a maratona de promoções online na China que virou o maior acontecimento do comércio eletrônico mundial. Um novo recorde de vendas foi atingido este ano, com um total de US$ 14,32 bilhões (R$ 53,9 bilhões) nas 24 horas do evento, superando com folga a marca de 2014, de US$ 9,4 bilhões.
Depois de 20 anos como sócio do banco Goldman Sachs, Evans assumiu a presidência do Alibaba há três meses com a responsabilidade de cuidar estratégia internacional da empresa. O Brasil "é um país muito importante" nos cálculos globais do grupo, disse ele à Folha, lembrando que o Alibaba chegou a entregar 300 mil produtos por dia no país, antes de o volume despencar nos últimos meses.
"Houve uma redução significativa no número de pacotes que entregamos no Brasil devido à queda na demanda e à desvalorização do real. Mas nosso maior desafio com o Brasil é logística e infraestrutura", disse.
"Chegar ao Brasil não é problema, mas passar pela alfândega e entregar [o produto] ao consumidor é muito, muito desafiador".
Evans ressaltou que o Brasil é um dos mercados mais importantes para o AliExpress, a plataforma de varejo online do Alibaba que está presente em cerca de 200 países. Ele observou que o mau momento da economia brasileira esfriou a expansão da plataforma no país, mas disse estar confiante numa virada.
Segundo as últimas estatísticas conhecidas, em maio os pedidos de brasileiros no site somavam 60 milhões.
"Sabemos que os consumidores brasileiros estão muito interessados em produtos de qualidade da China em todos os setores, devido aos desafios da indústria brasileira em produzir o que eles querem. Continuamos muito comprometidos com o Brasil e esperamos que a economia brasileira se estabilize para que o consumidor brasileiro volte a estar conosco", afirmou Evans.
Além de comprar da China por meio do comércio eletrônico, ele também destacou as oportunidades para o exportador brasileiro. Entre os produtos que mais vem crescendo na procura dos chineses em mercados externos estão alimentos, incluindo os frescos, e nisso o Brasil pode levar vantagem como grande produtor.
Um estudo da consultoria McKinsey do ano passado mostrou que 53% das compras feitas pelos chineses na internet eram para comer, entre alimentos empacotados e frescos.
Evans reconheceu que a "estocagem fria" de produtos frescos para consumo rápido é um processo complexo, mas disse que a experiência recente do Alibaba mostra que é possível. No ano passado, conta ele, a empresa entregou na China um carregamento de 67 toneladas de cerejas do estado de Washington, noroeste dos EUA. "É o peso de três aviões 747", compara. "Do momento em que foram colhidas até chegar ao consumidor, foram 72 horas. Portanto, pode ser feito".
Enquanto Evans falava, a empresa monitorava as vendas do "Dia do Solteiro", já antevendo um novo recorde. Quando a maratona terminou, o total era mais de 50% maior que o do ano passado. Considerado o maior evento do comércio eletrônico do mundo, realiza mais vendas que as duas principais datas de compras dos EUA somadas, o Black Friday e o Cyber Monday.
"O consumismo é a nova religião da China", disse à Folha o consultor Duncan Clark, autor de um livro sobre o Alibaba que será lançado em breve.
O jornalista MARCELO NINIO viajou a convite do Alibaba
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