Negociações da Rodada Doha emperram com oposição dos EUA
Jacquelyn Martin/AP | ||
O presidente do Estados Unidos Barack Obama; país se voltou a acordos regionais |
A esperança de avanço nas negociações da Rodada Doha de comércio internacional durante uma reunião da Organização Mundial do Comércio (OMC) nesta semana desapareceram, depois que a presidente do evento rejeitou apelos por uma nova abordagem para resolver o impasse nas conversações.
Diplomatas dizem que a falta de acordo quanto à estrutura futura da Rodada Doha, na reunião bienal de ministros da OMC a ser aberta hoje em Nairóbi, com a duração de quatro dias, pode torpedear a chance de um acordo sobre a miríade de questões que estão sendo debatidas. Entre elas está o apoio a países menos desenvolvidos.
Existem divisões aparentemente intransponíveis quanto ao futuro da Rodada Doha, com os países liderados pelos Estados Unidos, União Europeia e Japão desejando o abandono ou reformulação do processo e países em desenvolvimento como a Índia, China e nações africanas defendendo que a estrutura da Rodada seja mantida.
Mike Froman, o representante do governo dos Estados Unidos para assuntos de comércio internacional, escreveu em artigo publicado ontem pelo jornal "Financial Times" que a agenda do desenvolvimento da Rodada Doha, iniciada 14 anos atrás, deveria ser substituída, porque "ela simplesmente não produziu resultados".
A União Europeia declarou ontem que a agenda deveria ser reforçada com a inclusão de questões adicionais, como o investimento e o comércio eletrônicos, "que representam grandes desafios para o comércio mundial, hoje".
"Precisamos reconhecer que o comércio mundial evoluiu desde o começo da Rodada Doha, 14 anos atrás", afirmaram Cecilia Malmström e Phil Hogan, comissários da União Europeia. "Precisamos de uma visão clara para os anos vindouros".
As duas posições são anátema para muitos países, como Índia e África do Sul, que temem que o abandono da Rodada Doha coloque em risco sua capacidade de obter concessões sobre questões como os subsídios dos países ricos à agricultura, e que a inclusão de assuntos adicionais possa diluir o processo.
Rob Davies, ministro do Comércio e Indústria da África do Sul, disse antes de partir para Nairóbi que seu governo queria que as negociações da Rodada Doha fossem concluídas antes que a agenda seja alterada.
Mas Amina Mohamed, ministra do Exterior e do Comércio Internacional do Quênia e presidente da conferência, disse que não consideraria alterar as negociações. "A agenda de Doha é a declaração que temos na mesa agora", ela declarou. "É ela que estaremos negociando aqui".
Mohamed disse que mudanças só aconteceriam quando os membros da OMC, que opera em base de consenso, "decidissem que é hora de mudar o ritmo".
Keith Rockwell, porta-voz da OMC, aceitou que seria difícil obter avanços. "Nenhuma das duas posições é irracional ou ilógica, e isso torna muito mais difícil conciliá-las", disse.
ACORDOS REGIONAIS GANHAM FORÇA
A falta de progresso na Rodada Doha levou a uma proliferação de acordos regionais de comércio nos últimos anos, tais como a recentemente concluída Parceria Transpacífico, que inclui Estados Unidos, Japão e 10 outros países.
Achim Steiner, que comanda o programa ambiental das Nações Unidas, foi mais um líder a pedir, ontem, que a OMC "reestruture" suas negociações, a fim de incorporar o desenvolvimento sustentável à agenda, porque, disse ele, "o mundo mudou irrevogavelmente".
"Se não o fizer, [a OMC] enfrentará cada vez mais dificuldade para se fazer o instrumento central de aceleração do comércio mundial, o que é seu objetivo", ele disse.
As divisões geopolíticas quanto ao futuro da Rodada Doha foram demonstradas pela conferência de desenvolvimento sustentável da ONU, que se declarou ainda comprometida com a agenda de Doha, enquanto o Grupo dos 20 (G20) e a Cooperação Econômica Ásia-Pacífico se recusaram a fazê-lo, pela primeira vez.
Mohamed disse que continua otimista quanto a um acordo, mencionando o sucesso das negociações sobre o aquecimento global em Paris, apesar das divergências no início da conferência.
Mas diplomatas dizem que raramente houve número tão grande de questões pendentes antes de uma reunião ministerial da OMC.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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