Indústria cobra avanço em acordo comercial com União Europeia
Entidades industriais de Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai divulgam nesta segunda (21) declaração conjunta pela retomada da agenda econômica do Mercosul e o avanço das negociações do acordo de livre-comércio com a União Europeia (UE).
A carta, a que a Folha teve acesso, será distribuída a chefes de Estado durante a cúpula de presidentes do Mercosul, realizada em Assunção, no Paraguai.
As entidades dizem no documento que a paralisia do bloco prejudica a inserção dos membros do Mercosul na economia global e limita os ganhos com exportações e a atração de investimentos.
A retomada de uma pauta econômica para o Mercosul, incluindo o acordo com a UE, ganha força com a mudança no governo da Argentina, que, sob a gestão de Cristina Kirchner (2007-2015), aumentou as barreiras comerciais.
Com interesses divergentes aos de seus parceiros no Mercosul, a Argentina travou as negociações com a UE ao propor a inclusão de uma lista de produtos sensíveis ao acordo tarifário, hipótese descartada pelos europeus.
Já o novo presidente argentino, Mauricio Macri, é mais liberal. Defende maior integração da Argentina com o Mercosul, a aproximação com o Brasil e a busca de novos parceiros comerciais.
As indústrias dos países-membros do Mercosul querem aproveitar esse momento de força de Macri para destravar a pauta do bloco.
"Acreditamos que Macri possa ajudar na evolução das negociações com a UE e melhorar o diálogo entre o setor privado e os líderes do Mercosul", diz Fabrízio Panzini, gerente da CNI (Confederação Nacional da Indústria).
O acordo bilateral é considerado como essencial pelas indústrias para maior inserção do Mercosul na economia mundial.
PRÓXIMO PASSO
As negociações entre Mercosul e EU para a formulação de um acordo bilateral já duram mais de 15 anos, mas o Brasil espera uma conclusão em 2016. O próximo passo é marcar uma data para a troca de propostas entre os negociadores.
A proposta do Mercosul está pronta e abrange quase 90% dos bens que fazem parte do comércio com a UE. Argentina e Brasil, porém, condicionam o acordo a concessões dos europeus no setor agrícola.
O comércio entre os dois blocos apresenta desaceleração nos últimos anos. Entre 2011 e 2014, as exportações do Mercosul para a UE caíram 21%, totalizando US$ 54,18 bilhões no ano passado. Em 2015, a queda é de 19,6%, segundo dados mais recentes.
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