Entrada de dólares no ano passado supera retiradas em US$ 9,4 bilhões
A entrada de dólares no Brasil superou a saída em US$ 9,4 bilhões em 2015, ano em que a moeda norte-americana acumulou alta próxima a 50%. O resultado positivo se deu após dois anos seguidos de saídas líquidas.
A fuga de recursos no ano passado foi evitada, principalmente, por dois fatores.
O primeiro foi um saldo positivo de US$ 25,5 bilhões nas operações de comércio exterior, incluindo exportações, importações e financiamentos para esses negócios.
A alta do dólar inibiu as importações, o que contribuiu para que a balança comercial brasileira voltasse a registrar superavit no ano passado.
Essa entrada mais que compensou o saldo negativo de US$ 16,1 bilhões em operações financeiras, como investimentos estrangeiros, remessas de lucro e gastos com viagens ao exterior.
'SWAP'
Também teve efeito para conter saídas a forte atuação do Banco Central, por meio da negociação de contratos de "swap" (troca, em inglês).
As intervenções, no entanto, geraram uma perda de R$ 89,7 bilhões, o equivalente a três anos de pagamentos do programa Bolsa Família. Esse valor contribui para elevar a dívida pública, pois a perda é contabilizada como uma despesa com juros da dívida.
Nesse contrato, o BC oferece proteção contra oscilação da taxa de câmbio, o que reduz a procura pela moeda estrangeira. Em troca, recebe uma remuneração com base em taxas de juros. Em momentos de forte alta do dólar, o governo perde dinheiro.
Segundo a instituição, ao oferecer proteção contra a alta do dólar, o swap reduz a demanda pela moeda estrangeira. Dados já apresentados pelo BC mostram que 80% dos mais de US$ 100 bilhões em contratos de câmbio estão nas mãos de empresas que têm dívidas ou custos atrelados à moeda estrangeira e de investidores estrangeiros que buscam proteção para não ter de deixar o país. Os outros 20% estão com fundos de investimento no Brasil.
O custo com "swap" em 2015 foi recorde. Em 2014, por exemplo, o gasto foi de US$ 17,3 bilhões. Em anos anteriores, houve até lucro.
O "swap" começou a ser utilizado em 2002, no governo FHC. Naquele ano, houve uma perda de quase R$ 11 bilhões (quase R$ 24 bilhões em valores atualizados).
Como o estoque de contratos continua elevado, uma nova rodada de desvalorização do câmbio pode trazer novas perdas para o BC em 2016.
A instituição também interveio no câmbio no ano passado por meio de empréstimos de dólares das reservas. Essas operações somam hoje US$ 12,3 bilhões, para um total de reservas de quase US$ 370 bilhões acumulados.
Nos últimos quatro meses do ano, o BC leiloou quase US$ 10 bilhões para conter uma fuga de recursos.
O movimento de câmbio no ano foi influenciado pelas crises política e econômica no Brasil e pelo início do aumento de juros nos EUA.
FLUXO CAMBIAL - Entrada de dólares supera saída em 2015
O que é "swap" cambial?
É um contrato pelo qual o Banco Central paga variação cambial + taxa de juros em dólar para um investidor que quer se proteger da oscilação da moeda. Em troca, o investidor paga taxa Selic para o BC
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