Mercado vê mudança de mão no BC e aborta ciclo de alta de juros em 2016
Os economistas do mercado financeiro receberam com surpresa a manutenção dos juros básicos do país em 14,25%, mesmo após o presidente do Banco Central ter sinalizado em comunicado, na véspera, que levaria em conta as novas projeções do FMI (Fundo Monetário Internacional) de retração de 3,5% na economia em 2016.
A leitura corrente é que a principal preocupação do Banco Central deixou de ser as expectativas de inflação em 2016 e 2017 para o desempenho da atividade econômica. Com a decisão, os economistas que até, a semana passada viam a possibilidade de até três altas de 0,5 ponto nos juros, agora acreditam que as taxas ficarão inalteradas ao longo de 2016.
Por outro lado, aumentou a possibilidade de o país conviver com inflação mais alta nos próximos anos, o que implicará em taxas de juros maiores a partir de 2018.
"Havia um consenso até a semana passada que viria uma alta de 0,5 ponto. A decisão mostra que o Banco Central está mais preocupado com a atividade econômica do que com a inflação. Não deve aumentar mais os juros neste ano, talvez possa começar a reduzi-los no final de 2016", disse Tatiana Pinheiro, economista do Santander.
Para o economista José Francisco Lima Gonçalves, do Banco Fator, é possível que o Banco Central tenha visto um abalo maior do que esperava na economia internacional. "Se o cenário é esse, não vai subir mais os juros neste ano. Significa que fica particularmente mais sensível aos acontecimentos externos", disse.
COMUNICAÇÃO
Os economistas lamentaram as idas e vindas do Banco Central na condução das expectativas sobre a trajetória da inflação e na ação esperada pelo Banco Central.
Jason Vieira, economista da Infinity Asset, lembra que o BC demorou dois meses para construir um consenso de que haveria alta de 0,5 nos juros em janeiro. "Um dia antes, mudou tudo. O mercado fica sem bússola", disse.
Para o economista Alexandre Schwartsman, ex-diretor do BC, a reviravolta na comunicação do BC mostra que a autoridade monetária provavelmente gostaria de reduzir os juros, mas não poderá fazê-lo porque não haverá uma reação esperada na inflação.
"Eles vão segurar esse negócio indefinidamente. A leitura caridosa é que estão parando para ver [o que acontecerá com a inflação] e vão subir a taxas de juros. A leitura mais realista é que eles pararam [de subir os juros para segurar as expectativas de inflação] e vão ficar parados", disse.
Para os negócios desta quinta (21), a expectativa é que as taxas de curto prazo continuem a recuar para se ajustar a previsão de que não haverá alta de juros neste ano. As taxas para janeiro de 2017 recuaram nesta quarta (20) de 15,41% para 15,19% -ainda embutindo quase duas altas de 0,5 ponto nos juros. Já as taxas para janeiro de 2021 saltaram de 16,67% para 16,81%.
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