Ministro do petróleo saudita descarta acordo para corte de produção
Marcelo Sayão/Efe | ||
Preços do petróleo intensificaram queda após declarações de al-Naimi |
A Arábia Saudita descartou um acordo entre os grandes produtores para reduzir a produção de petróleo, e alertou operadores de alto custo, como as petroleiras norte-americanas que extraem petróleo de xisto betuminoso, de que devem cortar despesas ou terminarão quebrando, uma mensagem dura que gerou pressão renovada sobre o preço do petróleo cru.
Ali al-Naimi, o ministro saudita do Petróleo, disse que a falta de confiança entre os maiores produtores mundiais significava que um corte de produção "não vai acontecer". Ele disse que o reino em lugar disso pressionaria por um congelamento coordenado de produção a fim de ajudar a equilibrar o mercado, inundado de petróleo cru, o que levou os preços da commodity à sua marca mais baixa em mais de uma década.
"Existe menos confiança que o normal", disse Naimi a executivos do setor de energia em Houston. "Não muitos países cumprirão o que prometem. Mesmo que digam que vão cortar a produção, não cumprem".
O petróleo Brent, referência do mercado internacional, registrou queda de US$ 1,33 por barril, para US$ 33,35, depois das declarações de Naimi na terça-feira, enquanto o petróleo de referência do mercado dos Estados Unidos caiu em US$ 1,54 por barril, para US$ 31,85.
O ministro falou em uma conferência anual de líderes e empresas do setor de energia dos Estados Unidos; a prolífica exploração dos depósitos de xisto betuminoso norte-americanos ajudou a derrubar os preços da commodity, causando caos nas economias dos países ricos em petróleo.
Na ausência de ação coordenada, Naimi disse que equilibrar oferta e procura caberia ao mercado.
XISTO
Naimi, 81, veterano de muitas altas e baixas, negou que a Arábia Saudita estivesse travando uma guerra contra os produtores de petróleo de xisto betuminoso dos Estados Unidos. Mas disse que reduzir o volume de produção só daria sustentação ao petróleo de extração cara, como o produzido nos Estados Unidos ou o petróleo canadense extraído de areias oleaginosas.
"Os produtores desses barris de alto custo devem encontrar maneira de rebaixar esses custos, tomar dinheiro emprestado ou fechar as portas", disse Naimi na conferência IHS CERAWeek.
"Isso parece duro, e infelizmente é, mas é uma maneira mais eficiente de reequilibrar os mercados. Reduzir produção de baixo custo [como a da Arábia Saudita] para subsidiar produtores de custo mais alto só servirá para adiar o ajuste de contas definitivo", ele acrescentou.
As declarações de Naimi vieram depois que a Arábia Saudita se uniu à Rússia, Qatar e Venezuela em um "congelamento" provisório da produção, caso outros grandes produtores também concordem.
O anúncio, que foi o primeiro sinal de cooperação entre produtores da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) e países que não fazem parte da organização, alimentou a esperança quanto a uma ação combinada que pudesse restringir o excedente mundial de produção de mais de um milhão de barris diários.
Naimi definiu o congelamento como "o começo de um processo", e disse que queria se encontrar de novo com outros grandes produtores em março, na esperança de que eles declarem adesão à ideia.
Importantes autoridades dos países do Golfo Pérsico declararam na semana passada que um acordo para restringir a produção poderia servir como prelúdio a novas ações, na forma de cortes de produção, posição da qual Naimi parece ter se distanciado.
IRÃ
Os operadores de petróleo vêm mostrando mais ceticismo, apontando que membros da Opep como o Iraque e o Irã não aderiram ao acordo.
O ministro do Petróleo iraniano, Bijan Zanganeh, declarou na terça-feira que a campanha pelo congelamento era "risível", de acordo com uma agência de notícias de seu país. As autoridades iranianas apelaram a países como a Arábia Saudita, que elevaram sua produção nos últimos 12 meses, a restrinjam.
Na última vez que Naimi falou nessa conferência anual, em 2009, os preços do petróleo cru estavam despencando devido à crise financeira. Naquele momento, a Opep decidiu cortar a produção de petróleo em milhões de barris diários.
Hoje o cartel - liderado pela Arábia Saudita - vem produzindo sem restrições, em um esforço para tirar do mercado os rivais de mais alto custo. A produção do reino ultrapassou a marca dos 10 milhões de barris diários há quase um ano.
O ministro disse que depois que o petróleo despencou em 2014, ele tentou aproximar os produtores de dentro e de fora da Opep para buscar um consenso. Mas "não havia apetite por dividir o fardo", ele disse.
Os executivos presentes ao evento em Houston pareciam resignados diante de um mercado no qual a Opep já não restringiria a oferta.
Brian Ferguson, presidente-executivo da Cenovus Energy, produtora de petróleo de areias oleaginosas no Canadá, declarou, mais cedo na terça-feira, que "por definição, não temos um oligopólio que esteja buscando equilíbrio para resolver o preço. Oferta e procura resolverão o preço".
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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