Aposta de Dilma, investimento não dá sinais de melhora no Brasil
Espécie de termômetro dos rumos da economia, os investimentos foram os primeiros a entrar na crise –são dez trimestres consecutivos de retração. Para 2016, eles ainda não apontam a saída.
Retomar os investimentos era a esperança do próprio governo para tirar o Brasil do atoleiro. Lançou ideias como ampliar as concessões e tornar mais atraentes linhas de crédito do BNDES.
Para economistas, porém, a tendência é que as medidas façam água. Com incertezas políticas, indústrias ociosas e empresários sem confiança, os investimentos seguirão em queda.
Na Rosenberg Associados, a expectativa é de contração dos investimentos de 11% neste ano. Quedas ainda maiores são esperadas pelas consultorias Tendências (12,5%) e MB Associados (15,1%).
As projeções significam que os investimentos terão três anos seguidos de retração. Já houve queda de 4,5% em 2014 e de 14,1% no ano passado. É algo sem paralelo desde 1996, início da série histórica do IBGE.
"Não há chance, neste momento, de recuperação. Ela se dará no momento que tivermos clareza no cenário político. Quando isso acontecer, o investimento será o primeiro a reagir", disse Sérgio Vale, da MB Associados.
O desânimo dos empresários é um grande desafio. O índice de confiança da indústria está no menor patamar desde 2001, o ano de racionamento de energia. A crise política também agrega incertezas sobre o futuro.
Outro desafio é o impacto da Operação Lava Jato. Nas contas da Tendências, Petrobras e empreiteiras foram responsáveis por dois terços da queda de 14,1% do investimento, ao precisar adiar ou paralisar grandes obras.
Por dentro dos números, o tombo dos investimentos em 2015 foi liderado pela combinação de menor importação e produção de bens de capital (como máquinas e equipamentos para indústria e agropecuária).
"A construção civil também teve um peso importante tanto por causa das obras no ramo imobiliário quanto nas da área de infraestrutura", afirmou Rebeca Palis, gerente das Contas Nacionais trimestrais do IBGE.
O próprio setor público contribuiu para a retração em 2015. Os investimentos foram as principais vítimas dos cortes de despesas promovidos pelo governo federal, pelos Estados e pelas prefeituras no ano passado.
No ajuste fiscal do governo Dilma Rousseff, esses gastos foram reduzidos em 34,3% em 2015, considerada a inflação. Nessa conta estão obras nas rodovias, projetos de urbanismo e desembolsos do Minha Casa, Minha Vida.
Segundo Luis Otávio Leal, economista do banco ABC Brasil, tão ruim quanto a queda em si é que ela sinaliza uma menor capacidade potencial de crescimento para os próximos anos.
"O PIB potencial brasileiro, que é a capacidade de o país crescer sem gerar inflação, estava na faixa de 4% há poucos anos e na atual conjuntura ficou menor, algo como 1,5%", disse Leal.
Para Adriana Ribeiro, economista da Tendências, a retomada dos investimentos e da economia dependeria de um "gatilho" capaz de mudar a confiança dos empresários e consumidores com o futuro da economia.
"Precisamos de algum gatilho. Esse gatilho ainda não apareceu. Quem sabe com interrupção do mandato presidencial. É um dos gatilhos que poderiam mudar as coisas", disse Ribeiro.
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