Com perdas em Angra 3, Eletrobras fecha 2015 com prejuízo de R$ 14,4 bi
Vanderlei Almeida - 14.abr.2011/AFP | ||
Imagem aérea da usina nuclear Angra 3, em Angra dos Reis (RJ) |
A Eletrobras reconheceu perdas de R$ 4,973 bilhões no projeto da usina nuclear de Angra 3, que está com as obras suspensas desde setembro de 2015 e é alvo de investigações da Operação Lava Jato.
A baixa no valor desse ativo foi uma das principais causas do prejuízo de R$ 14,442 bilhões registrado pela empresa em 2015, segundo balanço protocolado na CVM (Comissão de Valores Mobiliários) no final da noite de quarta-feira (30).
O resultado representa um aumento de 376,4% com relação ao prejuízo verificado em 2014, de 3,031 bilhões. No quarto trimestre, quando foram feitas as baixas contábeis, o prejuízo foi de R$ 10,4 bilhões.
Segundo a estatal, as perdas com a usina de Angra 3 refletem novo adiamento do início de operação do projeto, desta vez para para dezembro de 2020, e a revisão das taxas de desconto usadas para o cálculo do valor do ativo, decorrente do aumento do risco Brasil.
As obras na usina foram retomadas em 2009, mas começaram a ser paralisadas a partir de setembro de 2015, depois que um dos consórcios decidiu romper o contrato alegando falta de pagamento por parte da Eletronuclear, subsidiária da Eletrobras responsável pela operação do parque nuclear brasileiro.
A Eletronuclear tem enfrentado dificuldades para captar os recursos necessários para concluir a obra. O ex-presidente da empresa Othon Luiz Pinheiro da Silva está preso desde julho, acusado de participar de um esquema de corrupção.
No total, a Eletrobras deu baixa de R$ 5,991 bilhões no valor de seus ativos.
A empresa informou que o resultado negativo foi influenciado ainda por provisões para perdas em processos judiciais de R$ 5,283 bilhões, envolvendo empréstimos compulsórios, espécie de taxa cobrada na conta de luz de grandes consumidores até a década de 1990 para fomentar investimentos na expansão do parque energético brasileiro.
Há hoje 3.868 ações cobrando o pagamento desses empréstimos e, no terceiro trimestre de 2015, o Superior Tribunal de Justiça definiu metodologia para o cálculo das execuções, o que levou a empresa a aumentar o valor provisionado.
As distribuidoras federalizadas de energia (empresas que não foram vendidas durante a privatização do setor e passaram ao controle da Eletrobras) contribuíram com o mau desempenho, ao registrar prejuízos de R$ 5,195 bilhões em 2015.
Em 2015, a Eletrobras investiu R$ 10,4 bilhões. Deste total, R$ 5,675 bilhões foram destinados a projetos de geração e R$ 3,414 bilhões, a projetos de transmissão. Nos dois casos, o desembolso ficou abaixo do previsto no orçamento.
QUEDA GERAL
Nesta quinta-feira (31), a consultoria Economatica divulgou que o lucro das empresas de capital aberto do Brasil caiu 87,2% em 2015, na comparação com o ano anterior.
Ao todo, as 297 empresas tiveram lucro de R$ 14 bilhões no ano passado, ante R$ 109,8 bilhões em 2014.
De acordo com a consultoria, apenas Petrobras, Vale e Eletrobras tiveram, no acumulado, prejuízo de R$ 93,4 bilhões em 2015 contra R$ 23,6 bilhões negativos em 2014, resultado que ajudou a puxar para baixo o lucro médio.
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