Sebrae vai oferecer capacitação em empreendedorismo para refugiados
Joel Silva/Folhapress | ||
Refugiados haitianos, vindos do Acre, fazem fila para retirar carteira de trabalho em São Paulo (SP) |
Refugiados que vivem em São Paulo receberão capacitação do Sebrae em inglês, espanhol e português para atuar como empreendedores.
A iniciativa é resultado de uma parceria da instituição com o Comitê Nacional para os Refugiados (Conare), do Ministério da Justiça.
A expectativa do Sebrae é que 250 refugiados sejam beneficiados pela parceria neste ano. Os resultados obtidos serão avaliados e é possível que o alcance da iniciativa aumente, segundo o presidente do Sebrae, Guilherme Afif Domingos.
"O cenário econômico está complicado até para os brasileiros. O empreendedorismo é a grande alternativa", diz Afif. Para participar das aulas oferecidas pelo Sebrae, é necessário falar português básico, estar no Brasil há pelo menos um ano e possuir um CPF.
A capacitação irá conter quatro fases: aulas on-line, aulas presenciais, formalização e auxílio para obtenção de crédito.
CULINÁRIA
O casal de refugiados sírios Muna Darweesh, 35, e Wessam Aljammal, 42, teve no empreendedorismo sua oportunidade de voltar a trabalhar, agora no Brasil.
Ela é formada em literatura em inglês e trabalhava na Síria como professora. Ele atuava como engenheiro naval.
A partir de página no Facebook e do WhatsApp, o casal recebe encomendas de pratos da cozinha árabe, principalmente para festas e eventos.
Com as vendas, alugam um apartamento de um dormitório no centro de São Paulo para eles e seus quatro filhos, com idades entre oito e três anos.
Antes moradores da cidade de Lataquia, o casal está no Brasil desde o final de 2013. Chegaram ao país sem conhecer nada a respeito dele a não ser o gosto pelo futebol da população e que teriam chance de viver legalmente por aqui, conta Darweesh.
Quando chegaram a São Paulo, ficaram três meses hospedados em um hotel, usando a reserva financeira que possuíam.
Quando o dinheiro acabou, decidiram vender comida árabe em frente a uma mesquita na avenida do Estado para a comunidade árabe. Dali começaram uma rede de contatos que permitiu expandir os negócios.
Darweesh diz a Folha que a maior dificuldade do refugiado é não saber com quem ele pode contar nem aonde deve ir para obter o que precisa. Ela diz, em inglês, que está aprendendo português a partir da ajuda de clientes e amigos.
O casal possui planos de ampliar o negócio. Eles lançara há uma semana uma campanha de financiamento coletivo (em que qualquer pessoa pode fazer doações pela internet) no site Kickante. O objetivo é levantar R$ 60 mil. O dinheiro será usado para a abertura de um restaurante e escola de culinária, ainda sem local definido.
Quem faz uma contribuição, que tem valor mínimo de R$ 100, tem como recompensa uma aula de culinária árabe com Darweesh.
"A economia aqui é muito forte. A crise está paralisando as coisas, mas acredito que, quando ela passar, será possível viver bem. Os brasileiros gostam muito da comida árabe", diz ela.
Afif, do Sebrae, diz acreditar que casos como esse não serão exceção: "Muitos refugiados têm um nível muito bom de formação. Imagine um engenheiro que veio para cá fugindo com sua família para começar do zero. Ele pode aproveitar sua cultura e formação para abrir um negócio de sucesso.
REFUGIADOS
De acordo com o Conare, existem no Brasil 8.600 refugiados reconhecidos e mais 20 mil solicitantes de refúgio.
A população que tem demonstrado maior crescimento é a de sírios. São 2.200, segundo Beto Vasconcelos, presidente do Conare. Também há angolanos, colombianos, congoleses e libaneses.
No evento em que será firmada a parceria, nesta sexta-feira, estarão presentes oito entidades que prestam apoio a refugiados, incluindo a ONG Cáritas, segundo Afif.
Essas entidades, além da Prefeitura de São Paulo, serão responsáveis por localizar e incentivar refugiados a participar dos cursos, diz.
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