Bolsa atinge maior pontuação em 9 meses; BC tenta conter queda do dólar
Evaristo Sá/AFP | ||
Presidente Dilma Rousseff durante evento no Palácio do Planalto |
Novos reveses para o governo aumentaram a confiança de investidores de que haverá o impeachment da presidente Dilma Rousseff. O noticiário político, aliado ao cenário externo positivo, levou o Ibovespa a fechar em alta de mais de 3,6% nesta terça-feira (12), acima dos 52.000 pontos e no maior patamar em quase nove meses.
Apesar da atuação agressiva do Banco Central nesta sessão, com cinco leilões de swap cambial reverso, somando cerca de US$ 8 bilhões, o dólar comercial acabou fechando em leve baixa, a R$ 3,49, ainda no menor nível em quase oito meses. O dólar à vista reduziu a alta ante o real ocorrida ao longo do dia, terminando cotado no patamar de R$ 3,53.
Os juros futuros e o CDS (credit default swap), espécie de seguro contra calote do país, recuaram.
BOLSA
O Ibovespa abriu o pregão em alta, com os investidores repercutindo o resultado da votação do relatório favorável ao impeachment da presidente Dilma Rousseff na Comissão Especial da Câmara. O placar de 38 a 27 foi um pouco pior do que o governo esperava.
Além disso, segundo analistas, a prisão do ex-senador Gim Argello (PTB) na 28ª fase da Operação Lava Jato foi vista como mais um ponto negativo para o governo. Isso porque Argello, que foi o vice-presidente da CPI da Petrobras, era próximo da presidente Dilma.
O índice, que subia 2% mais cedo, ampliou a alta à tarde, depois da notícia de que a bancada do PP na Câmara decidiu anunciar seu desembarque da base aliada do governo Dilma Rousseff e o apoio à abertura do processo de impeachment da presidente na votação marcada para o domingo (17).
O principal índice da Bolsa paulista fechou com ganho de 3,66%, para 52.001,86 pontos. É a maior pontuação desde 17 de julho de 2015 (52.341,80 pontos). O giro financeiro foi de R$ 8,835 bilhões.
"O cenário político interno se complicando para o governo vai deixando mais cristalino o cenário de impeachment e o mercado começa a especular, nos próximos dias, os nomes do futuro governo", observam os analistas da Lerosa Investimentos, em relatório.
Operadores lembram que, nesta quarta-feira (13), haverá o vencimento de opções sobre Ibovespa, o que também influenciou as cotações das ações nesta sessão, além da alta das commodities e na Bolsa de Nova York.
No setor financeiro, Itaú Unibanco PN subiu 4,51%; Bradesco PN, +4,10%; Santander unit, +2,46%; e BM&FBovespa ON, +2,22%; Banco do Brasil ON, +2,59%.
As ações preferenciais da Petrobras ganharam 7,62%, a R$ 9,03, e as ordinárias avançaram 8,92%, a R$ 11,35, ajudadas pela alta dos preços do petróleo no mercado internacional.
Os papéis PNA da Vale subiram 10,93%, a R$ 14,20, e os ON da mineradora, +10,43%, a R$ 18,74. O preço do minério de ferro em Qingdao, na China subiu 4,59%, a US$ 59,22 a tonelada.
Entre as siderúrgicas, CSN ON ganhou 20,62%; Gerdau PN, +7,39% e Usiminas PNA, +11,17%.
DÓLAR
O Banco Central agiu pesadamente para conter a queda do dólar nesta terça-feira. Nesta segunda-feira (11), a moeda americana já havia atingido a menor cotação em quase oito meses, com o noticiário desfavorável ao governo e o cenário externo positivo. A queda da moeda americana ocorreu naquele pregão apesar de autoridade monetária ter realizado três leilões de swap cambial reverso, equivalente à compra futura de dólares pelo BC, totalizando 20.000 contratos (US$ 1 bilhão).
Nesta terça-feira, o BC leiloou logo cedo 40.000 contratos de swap cambial reverso, o dobro do que vinha sendo ofertado nas sessões anteriores. Todas as propostas foram aceitas, somando US$ 2 bilhões. Com a estratégia mais agressiva do BC, o dólar à vista chegou a subir quase 5% ante o real, atingindo a máxima de R$ 3,7014.
A moeda americana, no entanto, começou a perder fôlego ante o real. O BC realizou, ainda pela manhã, um segundo leilão de 40.000 contratos de swap cambial reverso. Destes, foram aceitas apenas 7.100 propostas.
À tarde, mais três leilões de swap cambial reverso foram realizados. O primeiro com 32.900 contratos (os que restaram do novo leilão da manhã), o segundo com 40.000 contratos e o terceiro com outros 40.000 contratos. Todas as propostas foram aceitas.
Ao todo, foram leiloados 160.000 contratos de swap cambial reverso, totalizando aproximadamente US$ 8 bilhões.
Além disso, o BC não anunciou rolagem de swap cambial tradicional para esta sessão. A instituição vinha rolando diariamente cerca de 50% os contratos que vencem em maio. O swap cambial tradicional equivale à venda futura de dólar pela autoridade monetária.
O dólar à vista fechou em alta de 0,36%, a R$ 3,5389. O dólar comercial, que atingiu a máxima de R$ 3,5630 nesta sessão, terminou o pregão com leve baixa de 0,02%, a R$ 3,4940.
Segundo analistas, se não fosse a ação mais agressiva do BC nesta terça-feira, a moeda americana já poderia estar na casa dos R$ 3,40, em função do aumento das apostas do mercado em relação ao impeachment.
Cleber Alessie, operador de câmbio da corretora H.Commcor, vê a ação da autoridade monetária como positiva. "O BC aproveita esse momento de baixa do dólar para reduzir sua posição vendida em swaps cambiais, o que ajuda no resultado primário do governo, ao mesmo tempo em que controla o excesso de volatilidade no câmbio", explica.
No mercado de juros futuros, o contrato de DI para janeiro de 2017 caiu de 13,760% na véspera para 13,750%; o contrato de DI para janeiro de 2021 recuou de 13,570% para 13,480%.
O CDS, indicador da percepção de risco do país, caiu 4,52%, para 358,989 pontos.
EXTERIOR
Na Bolsa de Nova York, o índice Dow Jones fechou em alta de 0,94%; o S&P 500, +0,97% e o Nasdaq, +0,80%, impulsionados pela alta do petróleo.
Em Londres, o petróleo Brent subia 4,16%, a US$ 44,61 o barril, e, em Nova York, o WTI ganhava 4,39%, a US$ 42,13, com notícias de que a Rússia e a Arábia Saudita teriam alcançado um acordo para congelar a produção de petróleo. Os principais produtores se reunirão no próximo domingo (17) para discutir o tema.
As Bolsas europeias fecharam no terreno positivo, com exceção de Milão, que caiu 1,57%. Londres (+0,68%); Paris (+0,77%); Frankfurt (+0,81%); Madri (+0,57%).
Na Ásia, os principais índices acionários chineses caíram, com investidores realizando os lucros da alta de mais de 1% da sessão anterior. As ações do restante da região asiática subiram, lideradas pela recuperação das ações japonesas.
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Atualizado em 06/05/2024 | Fonte: CMA | ||
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