Bradesco faz provisão contra calote da Sete Brasil e vê lucro cair 3,8% no 1º tri
Zanone Fraissat/Folhapress | ||
Homem passa em frente a agência do Bradesco em São Paulo |
A provisão para calote da Sete Brasil derrubou o lucro do Bradesco no primeiro trimestre deste ano, conforme apurou a Folha.
Em teleconferência para detalhar os resultados do banco, Luiz Carlos Angelotti, diretor gerente e de relações com investidores, não confirmou o nome da empresa, mas afirmou que a provisão, que chegou a R$ 836 milhões, é para possíveis perdas com uma companhia do setor de óleo e gás.
Acionistas da Sete Brasil aprovaram o pedido de recuperação judicial da companhia no dia 20 de abril.
Angelotti disse ainda que, agora, 70% do crédito contratado está provisionado e que o banco deve avaliar a necessidade de separar recursos para o restante do valor. "Se excluíssemos isso, o resultado do banco seria equivalente ao período anterior", disse.
Neste início de 2016, o Bradesco registrou a primeira queda sequencial no lucro em mais de quatro anos.
O lucro recorrente —que exclui efeitos extraordinários— do período somou R$ 4,113 bilhões no primeiro trimestre do ano, queda de 3,8% em relação ao mesmo período de 2015 e de 9,8% na comparação com os três meses anteriores. O número também veio abaixo da previsão média de analistas ouvido pela Reuters, de R$ 4,3 bilhões.
O lucro líquido contábil foi de R$ 4,12 bilhões, queda de 2,9% em relação a um ano antes e 5,3% menor do que o registrado no quarto trimestre de 2015.
A carteira de crédito total do Bradesco teve expansão zero nos 12 meses encerrados em março, está em R$ 463,208 bilhões.
Houve uma queda de 10% nas concessões para pequenas e médias empresas, segmento que também registrou o maior aumento nos calotes, de 6,66%.
O índice de inadimplência acima de 90 dias chegando a 4,2%, o pico em quase quatro anos. Um ano atrás, o índice tinha sido de 3,6%.
Num cenário de recessão continuada, o banco decidiu fazer uma provisão para perdas esperadas com calotes de R$ 5,448 bilhões, volume 30% maior em relação ao último trimestre do ano passado e um salto de 52,2% na comparação com o mesmo período de 2015.
Com isso, a rentabilidade anualizada sobre o patrimônio líquido médio, índice que mede como um banco remunera o capital de seus acionistas, ficou em 17,5%, queda de 3 pontos percentuais nas comparações mensal e anual. Foi o pior desempenho em pelo menos uma década.
O banco ainda viu um recuo de 2,9% nas receitas com tarifas e serviços em relação ao trimestre anterior, para R$ 6,405 bilhões, embora na comparação anual o montante tenha crescido 11,5%.
Por fim, as despesas administrativas e de pessoal somaram R$ 7,87 bilhões no primeiro trimestre, queda de 6,5% ante o final de 2015 e alta de 11,1% frente ao primeiro trimestre do ano passado, índice acima da inflação acumulada no período.
DIVERSIFICAÇÃO DE RECEITAS
Angelotti destacou, no entanto, que o banco tem trabalhado para diversificar as receitas em um período em que a demanda por crédito está contraída.
A receita com cartões (crédito, débito e private label) cresceu 9,6% em 12 meses, para R$ 2,421 bilhões. Ainda mais expressivo foi o salto nas receitas de conta corrente neste período, 27,2%, para R$ 1,36 bilhão.
O Bradesco enfatizou também o crescimento no segmento de seguros –34% do lucro do banco teve origem no segmento de seguros.
Com Reuters
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