Economia dos EUA cresce 1,2% no 2º trimestre, menos que o esperado
Li Muzi/Xinhua | ||
PIB americano cresce 1,2% no 2º trimestre, menos que o esperado pelo mercado |
A economia dos Estados Unidos mal se recuperou de sua calmaria de inverno, no segundo trimestre, prejudicada pelos gastos anêmicos das empresas, por excesso de estoques nas fábricas e nos armazéns, e pela fraqueza inesperada do setor de habitação.
O consumo privado continuou saudável, mas foi deixado à sombra pelo desempenho fraco dos demais setores da economia norte-americana.
Além da queda nos investimentos das empresas, gastos mais baixos do governo também ajudaram a restringir o crescimento, reforçando uma tendência que vem dificultando as recuperações econômicas nos últimos anos. O número do crescimento ficou bem baixo do ritmo de expansão de 2% que os economistas vinham esperando, o que enfatiza que a economia continua capaz de desapontar os especialistas, os quais pareciam confiantes em que momentos melhores estavam por surgir.
Em termos gerais, a economia dos Estados Unidos se expandiu em 1,2% em termos anualizados, reportou o Departamento do Comércio na sexta-feira, apenas ligeiramente acima do ritmo de 0,8% registrado no primeiro trimestre. Os maiores arrastos vieram da queda dos gastos das empresas e da presença de excedentes de estoque. A primeira revisão está marcada para o dia 26 de agosto.
O crescimento foi baixo apesar do comportamento persistentemente positivo dos consumidores no segundo trimestre, já que os gastos domiciliares subiram em 4,2%, em termos anualizados.
PIB dos EUA - Variação trimestral
"São os consumidores que vêm arcando com o peso", disse Nariman Behravesh, economista chefe da IHS Markit. "Excetuados os setores de tecnologia e software, os gastos das empresas foram baixos e o setor de habitação também se provou surpreendentemente fraco, o que representa uma reação natural aos avanços dos trimestres precedentes".
Um ponto potencialmente positivo é que o grande excedente de estoques "que está sobrecarregando as prateleiras dos armazéns e precisa ser eliminado" se dissipará nos próximos trimestres, disse Behravesh.
Além disso, ele afirmou, os salários estão finalmente começando a mostrar alguma alta, para muitos trabalhadores, depois de anos de estagnação. Os preços da gasolina também continuam baixos, a despeito de ligeiros aumentos recentes.
No entanto, ele disse, "os demais 30% da economia, por exemplo o comércio internacional, os investimentos de capital e os estoques, enfrentam dificuldades, especialmente no setor industrial".
Enquanto encaram demanda fraca por parte de consumidores internacionais na Ásia e Europa, muitas fábricas e usinas norte-americanas também se viram afetadas pela queda pesada nos custos da energia.
Os altos-fornos e as usinas siderúrgicas do velho cinturão industrial ou do Meio-Oeste dos Estados Unidos podem estar a milhares de quilômetros dos campos de petróleo do Texas ou do Dakota do Norte, mas essas instalações estão ociosas porque a demanda por itens como dutos e brocas despencou. Isso causou muito sofrimento a comunidades operárias em Estados como o Illinois, Indiana, Pensilvânia e Ohio.
Também contribuiu para gerar percepções fortemente diferentes sobre a economia, com os trabalhadores do oeste do país se vendo excluído de determinados bairros em cidades que vivem booms imobiliários, a exemplo de San Francisco e Seattle, enquanto as famílias de partes menos prósperas dos Estados Unidos dizem sentir que a recessão na verdade não terminou.
Por outro lado, os preços baixos da gasolina representaram um ganho inesperado para os consumidores de todo o país, quer eles estejam gastando o dinheiro adicional nos shopping centers ou online.
Os segmentos do setor de serviços cujo foco está no mercado interno, como o software, saúde e serviços financeiros, estão se saindo bem, o que gera aumento de renda entre os trabalhadores de colarinho branco.
A força do mercado imobiliário em muitas áreas do país e a alta em Wall Street estão oferecendo encorajamento adicional a que os consumidores mais afluentes abram suas carteiras.
Esta semana, o Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) reconheceu a melhora nas condições econômicas dos Estados Unidos, depois de uma reunião de dois dias de seu comitê de open market, ainda que não tenha decretado qualquer aumento nas taxas de juros.
A despeito da força do consumo, o Fed está muito mais interessado nos salários e no emprego, disse Michael Gapen, economista chefe do banco Barclays para os Estados Unidos.
Se os empregadores continuarem a expandir seus quadros de funcionários em ritmo saudável nos meses de julho e agosto, o Fed pode decidir elevar seus juros já em setembro. "Tudo gira em torno do mercado de trabalho", ele disse.
Pelo restante de 2016, Behravesh da IHS Markit estima um crescimento anualizado da ordem de 2,5% para os Estados Unidos. Embora o forte consumo domiciliar evidente no segundo trimestre deva se moderar um pouco, ele antecipa que o arrasto do baixo investimento empresarial e dos pesados estoques também se reduza.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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