Financiamento precisa de fonte diversificada, diz presidente do BNDES
Pedro Ladeira/Folhapress | ||
Presidente interino, Michel Temer, dá posse à presidente do BNDES, Maria Silvia Bastos Marques |
Maria Silvia Bastos Marques, presidente do BNDES, reafirmou nesta segunda-feira (1°) que o financiamento da infraestrutura no país precisa ser menos dependente da instituição e ter fontes mais diversificadas.
"O banco no passado bancava praticamente sozinho o processo de concessões que aconteceu. O financiamento à infraestrutura precisa ter fontes mais diversificadas. É um investimentos de longo prazo e existe muito capital no mundo, e mesmo no Brasil, que até hoje não participou."
Ela disse que o BNDES não pode bancar todo o risco de tais projetos sozinho e lembrou que o leilões de transmissão de energia, que vão acontecer em setembro, já tiveram mudanças nas regras.
Na semana passada, o banco divulgou que fechou o primeiro semestre com desembolsos de R$ 40,12 bilhões, queda de 42% frente a igual período de 2015.
Segundo Bastos Marques, os desembolsos da instituição não estão diminuindo porque a instituição está ficando menor e sim porque a demanda anda muito baixa atualmente.
"O país está no segundo ano de uma crise sem precedentes. Esses desembolsos já caem desde o ano passado. Não é uma motivação do banco. O que tem caído são os pedidos de financiamento", disse ela durante o evento de comemoração dos 25 anos da Fundação Estudar, em São Paulo.
A presidente do BNDES disse que gostaria de ter o que ela chama de "um bom problema", que seria a preocupação de ter que ir a mercado e fazer captações para elevar o poder de financiamento do banco.
Ela ressalvou que o país já começa a apresentar os primeiros sinais de otimismo, mas considera que "até o ano que vem não vamos ver um cenário muito melhor do que estamos vendo agora".
Silvia Bastos reiterou que o banco não está exposto a inadimplência preocupante e que a instituição tem garantias para todos os seus empréstimos.
OLIMPÍADA
Na semana passada, o governo federal autorizou o BNDES a emprestar mais R$ 800 milhões para que o Rio de Janeiro conclua obras voltadas para a Olimpíada.
Segundo Silvia Bastos, porém, esse assunto ainda está sendo discutidos nos níveis técnicos do banco. "Quando chegar à diretoria eu vou ver." Ela também afirmou que está otimista com o evento e com o legado que ficará para a cidade.
Questionada sobre declarações feitos recentemente por delatores da Operação Lava Jato de que o ex-presidente do BNDES, Luciano Coutinho, estaria envolvido em relações de corrupção, Silvia Bastos disse apenas que a gestão atual do banco não tem relação com quaisquer abusos.
"Não diz respeito a mim pessoalmente. Não são desafios meus, mas certamente caberá a mim conduzir essas questões da forma adequada para a instituição. O mais importante de tudo é a instituição, que é uma coisa permanente. As pessoas são passageiras, mas as instituições são permanentes. E eu sempre trabalho pensando nelas", disse.
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