Petrobras propõe reajuste abaixo da inflação e sindicatos prometem resposta dura
Em reunião com os sindicatos na manhã desta sexta-feira (16), a direção da Petrobras propôs aos petroleiros um aumento de até 4,97% nos rendimentos da categoria, além de redução no valor das horas extras e opção de corte da jornada de trabalho e do salário de empregados da área administrativa.
A proposta faz parte das negociações para o acordo coletivo de 2016 e foi classificada pela FUP (Federação Única dos Petroleiros) como "afronta aos trabalhadores".
No início do mês, a FUP entregou à Petrobras pedido de reajuste categoria pedia reposição da inflação (8,74% nos 12 meses até julho) mais 5% de ganho real. A FNP (Federação Nacional dos Petroleiros) pediu aumento de 19%.
Na reunião desta sexta, a Petrobras apresentou como contraproposta a manutenção do salário-base sem reajuste, mas ofereceu um aumento na tabela que define um piso regional e por categoria, conhecido como RMNR (Remuneração Mìnima por Nível e Regime), composto pelo salário mais adicionais.
Para empregados que ganham até R$ 9 mil, o reajuste seria de 4,97%. Para os demais, de R$ 447,30.
A proposta prevê ainda redução no pagamento pela hora extra, dos atuais 100% do valor da hora trabalhada para 50%.
Além disso, a empresa quer começar a discutir redução da jornada de trabalho com corte nos vencimentos, medida criticada pelos sindicatos mas com apoio entre empregados da companhia.
Pela proposta, os empregados que se dispuserem a trabalhar 30 horas semanais terão desconto de 25% no salário.
Em nota oficial, a FUP, principal federação de petroleiros do país, diz que começa a se reunir com os sindicatos filiados na semana que vem para discutir os termos apresentados. "A FUP e seus sindicatos darão uma resposta dura", diz o coordenador da entidade, José Maria Rangel.
Em 2015, quando a estatal propôs aumento de 5,73%, a categoria cruzou os braços por 21 dias, até obter um reajuste de 9,53%, que cobria a inflação no período.
CARTA
Em carta distribuída a seus empregados no fim de agosto, a direção da estatal já sinalizava que não daria ganho real à categoria.
O texto, assinado por todos os diretores, cita uma série de indicadores financeiros da companhia, como a dívida de US$ 126 bilhões, para argumentar que não será possível "levar adiante a mesma política de reajustes salariais que vigorou até então".
"As negociações do acordo coletivo de trabalho de 2016 exigirão uma profunda compreensão do que vive a Petrobras", disseram os diretores.
O documento tentava ainda dissuadir os empregados de aderirem a movimentos grevistas, alegando que cada dia de paralisação custa à empresa R$ 9 milhões com a mobilização de equipes de contingência.
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