Contra volume morto, Ibama autoriza menos água para rio São Francisco
Beto Macario/UOL | ||
Reservatório de Sobradinho, na região de Casa Nova (BA), tem nível baixo por causa da estiagem |
O Ibama autorizou a Usina de Sobradinho (BA/PE) a reduzir o volume de água mínimo que deixa passar para o restante do rio São Francisco.
O valor mínimo de vazão vai cair de 800 metros cúbicos por segundo para 750, a pedido da Chesf (Companhia Hidrelétrica do rio São Francisco), que administra a usina. Se a Chesf cumprir 11 condicionantes, a vazão poderá cair para 700 metros cúbicos por segundo.
A autorização é válida por 180 dias ou até que as condições do rio possam permitir a volta da vazão considerada normal, que é de 1,3 mil metros cúbicos por segundo. A ANA (Agência Nacional de Água) também terá que aprovar a redução.
A redução vinha sendo discutida há quase um ano e visa a tentar evitar que o reservatório de água, o maior das hidrelétricas do país, chegue ao volume morto. O cenário do reservatório já é pior que o previsto e, atualmente, ele está em 15%.
Há uma previsão de seca grave na região para o próximo período chuvoso (outubro a abril), com volumes de precipitação estimados em um terço da média histórica de chuvas.
O nível dos reservatórios de muitas usinas está baixo... - Nível em agosto, em %
... e a previsão de chuvas em algumas regiões é preocupante - % em relação à média histórica
Se isso se concretizar, com os reservatórios em volume já tão baixos, há risco das hidrelétricas pararem, tornando mais complicado e arriscado o fornecimento de energia na região, que pode sofrer com interrupções localizadas.
Com a decisão do Ibama, a tentativa dos órgãos que gerenciam o sistema elétrico é tentar manter a usina funcionando pelo maior tempo possível.
CONSEQUÊNCIAS
A menor vazão, no entanto, gera consequências para a parte do rio São Francisco após a represa e, por isso, vinha sendo travada nos órgãos ambientais por um longo período.
O Ibama aponta na autorização dezenas de impactos ao meio ambiente e à população na região, como comprometimento dos estoques pesqueiros, da navegação comercial, turística, de travessia de balsas e embarcações de pesca, captações para irrigação.
Segundo o documento, há a possibilidade de comprometimento da renda da população que utiliza essas atividades e o órgão determina à Chesf que crie em 30 dias um plano para monitorar esses impactos, além de um plano de comunicação para avisar sobre a redução aos moradores.
A previsão do Comitê de Bacia é que o rio fique em média 20 centímetros mais baixo que o volume atual. Com isso, haverá dificuldade para a população ribeirinha utilizar o rio para navegação, por exemplo, além de colocar em risco plantas e animais que vivem no local.
Algumas cidades e áreas de irrigação poderão ter que mudar seus locais de captação de água para abastecimento. Se a obra não for realizada a tempo, algumas cidades podem ser afetadas.
Além disso, a medida aumenta o risco de algumas regiões do rio São Francisco ficarem ainda mais poluídas do que já estão porque haverá menos água para depurar os dejetos despejados no leito, o que aumenta a possibilidade de propagação de doenças e também os custos das empresas de abastecimento para limpar a água.
Outro problema é a entrada de água do mar na foz do rio, que tende a ficar ainda maior. Para garantir que a água do mar não entre, o volume que deveria sair de Sobradinho é estimado entre 1,3 mil e 1,6 mil metros cúbicos por segundo.
Livraria da Folha
- Box de DVD reúne dupla de clássicos de Andrei Tarkóvski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade
- 'Fluxos em Cadeia' analisa funcionamento e cotidiano do sistema penitenciário
- Livro analisa comunicações políticas entre Portugal, Brasil e Angola
- Livro traz mais de cem receitas de saladas que promovem saciedade
Calculadoras
O Brasil que dá certo
s.o.s. consumidor
folhainvest
Indicadores
Atualizado em 26/04/2024 | Fonte: CMA | ||
Bovespa | -0,07% | 124.646 | (18h30) |
Dolar Com. | -0,46% | R$ 5,1401 | (09h47) |
Euro | 0,00% | R$ 5,541 | (09h31) |