Lava Jato detona disputa societária no Rio
Pedro Ladeira/Folhapress | ||
O ex-diretor da Petrobras Renato Duque, acusado de receber propina no esquema de corrupção da estatal |
A citação de dois executivos do Grupo Peixoto de Castro (GPC) na Operação Lava Jato deu início a uma disputa societária entre a siderúrgica americana US Steel e o tradicional grupo carioca, que está em recuperação judicial.
A US Steel tenta na Justiça afastar os executivos da GPC Participações (holding do grupo) do conselho da Apolo Tubulars, fabricante de tubos para o setor de petróleo que tem o controle compartilhado entre as duas companhias.
Para isso, a americana cita uma cláusula de acordo que diz que um acionista não poderá participar da administração em caso de falência ou recuperação judicial.
Na petição entregue à Justiça em agosto, afirma que os conselheiros "estão envolvidos no enorme escândalo da Operação Lava Jato, que agora ameaça também a Apolo".
O texto refere-se a Carlos Eduardo de Sá Batista e Paulo César Peixoto de Castro, que ocupavam os cargos de presidente da Apolo Tubulars e presidente do conselho de administração da empresa.
Os dois foram denunciados pelo Ministério Público Federal por pagamento de vantagens indevidas, no valor de R$ 7,1 milhões, ao ex-diretor da Petrobras Renato Duque.
Após a operação, a US Steel agendou assembleia de acionistas para tentar afastar do conselho os executivos indicados pela GPC por meio da controlada Apolo Tubos. A assembleia foi suspensa por liminar da GPC e o assunto está sendo discutido na Justiça.
A GPC afirma que a US Steel aprovou a permanência dos conselheiros quando o pedido de recuperação judicial foi feito, em 2013, e não poderia voltar atrás agora.
A americana reclama da defesa dos executivos está sendo paga pela companhia, ao custo de R$ 800 mil. Em julho, Sá Batista se afastou da presidência da empresa.
A GPC não quis se manifestar, mas a Folha apurou que a disputa gerou uma guerra de acusações entre os acionistas da companhia.
O Grupo Peixoto de Castro acusa o empresário Nelson Tanure de provocar a siderúrgica americana a tentar destituir o conselho da Apolo e tumultuar o processo de recuperação.
Por meio da Sky Investments, Tanure trava uma batalha contra os controladores do GPC, empresa de 1929 que já foi dona da refinaria de Manguinhos e que hoje tem negócios nos setores petroquímico e de tubulações.
Com aproximadamente 35% das ações, a Sky tenta assumir a gestão da GPC. Tanure repete a estratégia adotada em outras empresas em dificuldades, como a Oi, ampliando sua participação acionária até ter peso para tentar influenciar na gestão.
Procuradas, a Sky e a defesa dos executivos não quiseram se manifestar. A US Steel disse que não tem comentários adicionais aos argumentos apresentados à Justiça.
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