Expansão do aeroporto de Heathrow conquista apoio do governo britânico
Stefan Wermuth/Reuters | ||
Boeing 747 da companhia aérea British Airways estacionado no aeroporto de Heathrow, em Londres |
O governo de Theresa May decidiu apoiar a construção de uma terceira pista de pouso no aeroporto de Heathrow, o que dá início a um processo de expansão da capacidade dos aeroportos do sudeste da Inglaterra. As reformas vinham sendo bloqueadas há mais de uma década, por conta de indecisões e atrasos.
Chris Grayling, ministro do Transporto britânico, anunciou a decisão nesta terça-feira (25), definindo-a como medida "verdadeiramente momentosa" que "estimulará nossas conexões com o resto do mundo".
Heathrow conseguiu superar a concorrência do aeroporto de Gatwick e de uma proposta rival conhecida como Heathrow Hub, ambas as quais foram definidas como viáveis, mas inferiores, pela Comissão Aeroportuária presidida por Sir Howard Davies. A proposta agora deve ser submetida a votação pelo Parlamento no ano que vem, a um inquérito de planejamento e a uma provável revisão judicial, antes que a construção da nova pista possa ser começada. A previsão do aeroporto é que ela esteja operacional no começo de 2026.
Neil Hall/Reuters | ||
Governo britânico aprovou expansão de US$ 22 bilhões do aeroporto de Heathrow |
Heathrow recebeu positivamente a decisão do governo, afirmando que seu plano era a única opção que conectaria todo o Reino Unido ao crescimento mundial.
A capacidade aeroportuária se tornou questão urgente porque o aeroporto vem há muito operando em plena capacidade e a Comissão Aeroportuária, que divulgou seu relatório no ano passado, projetou que todos os aeroportos do sudeste do país estariam em operação plena até 2040.
Os atrasos na resolução de problemas se tornaram emblemáticos dos problemas de infraestrutura de que sofre o Reino Unido. Tentativas anteriores de expandir Heathrow, que fica em uma área muito mais habitada do que é comum entre os grandes aeroportos mundiais, terminaram embaraçadas por questões jurídicas, de planejamento, políticas e de logística. A terceira pista foi endossada em 2003 em um documento oficial do governo trabalhista, e a expectativa, então, era de que sua construção fosse concluída até 2020.
Stefan Wermuth/Reuters | ||
Avião da Royal Jordanian durante aproximação do aeroporto de Heathrow, em Londres |
Ao anunciar a decisão à Câmara dos Comuns, Grayling buscou reassegurar os muitos críticos da proposta.
"Sei que alguns membros dessa casa têm fortes convicções quanto a esse assunto", ele disse. "Todos os membros compreenderão a importância desse anúncio".
Os críticos argumentam que a terceira pista, um dos maiores projetos de construção do Reino Unido, com orçamento de 16,5 bilhões de libras, será financeiramente inviável –e que os voos resultantes causarão barulho intolerável para centenas de milhares de moradores do oeste de Londres. May, cujo distrito eleitoral está entre os afetados pela nova pista, até 2009 se opunha a ela, devido a preocupações com o barulho.
Os defensores da proposta dizem que Heathrow tem a melhor posição para oferecer os voos de longa distância que conectarão o Reino Unido aos seus parceiros comerciais cada vez mais importantes na Ásia e outras regiões. Heathrow responde por 70% dos voos de longa distância que partem do Reino Unido, ante 11% para Gatwick.
A decisão certamente será submetida a revisão judicial por um grupo de quatro distritos do oeste de Londres e pelos legislativos locais de Windsor e Maidenhead, a oeste do aeroporto.
Ravi Govindia, presidente do legislativo de Wandsworth, que está se preparando para contestar a decisão, disse que a luta quanto à nova pista estava longe de encerrada. "É um erro em todos os níveis, não poderá ser realizada legalmente, e terminará em fracasso e em anos de esforço desperdiçado", ele disse.
Grayling tentou impedir esse tipo de contestação ao oferecer garantias quanto aos custos financeiros e ambientais da expansão do aeroporto. Ele disse que novos aviões, mais silenciosos, significariam que os moradores da área de Heathrow sofreriam menos barulho depois da expansão do aeroporto do que sofrem no presente. Ele também prometeu estudar a formação de uma agência independente para fiscalizar o barulho dos aeroportos, tal como recomendado pela Comissão Aeroportuária.
O governo não concederia autorização a Heathrow para levar adiante o projeto se não estivesse convicto de que a expansão poderia ser realizada sem violação das normas vigentes de qualidade do ar, afirmou Grayling.
Stewart Wingate, o presidente-executivo de Gatwick, disse que o aeroporto estava "decepcionado" e reiterou suas dúvidas sobre a viabilidade do plano de Heathrow.
"Os desafios que Heathrow enfrenta não mudaram", disse Wingate. "Nossa mensagem hoje é a de que Gatwick continua pronto a seguir em frente quando chegar a hora".
Grayling também reconheceu as preocupações quanto ao custo expressas pelo International Airlines Group, que controla a British Airways e afirmou que os passageiros não poderiam arcar com o custo de uso do aeroporto expandido, ao preço projetado. "O projeto precisa ser realizado sem pesar no bolso dos passageiros", disse Grayling. "A Comissão Aeroportuária tem certeza de que isso é realizável, e o mesmo se aplica à Autoridade de Aviação Civil".
O International Airlines Group, o maior cliente de Heathrow, recebeu positivamente as garantias do governo. Willie Walsh, o presidente-executivo da companhia, disse que o sucesso do projeto seria decidido pelo custo. "A diretiva do governo para limitar o custo para o consumidor ao nível hoje vigente é fundamental".
A votação do projeto no Parlamento deve acontecer dentro de cerca de um ano, assim que o governo preparar sua declaração de política nacional de aviação. Diversos oponentes importantes do plano dentro do Partido Conservador podem votar contra ele, ainda que a expectativa seja de que a medida ganhe aprovação confortável, com os votos do Partido Nacional Escocês e da maioria dos parlamentares trabalhistas.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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