Novos computadores ingressam na era das tecnologias móveis
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Foto do novo MacBook Pro |
Nos últimos anos, os executivos da Apple não foram muito generosos quanto ao computador pessoal, tecnologia que o Macintosh ajudou a levar ao mercado há mais de 30 anos.
No final do ano passado, quando a Apple lançou o seu novo iPad Pro, Tim Cook, seu presidente-executivo, perguntou a um jornalista: "Quem ainda compra computadores? Sério mesmo, por que alguém compraria um computador?".
Os números de vendas pareceriam reforçar a sombria visão da Apple. No começo do mês, o grupo de pesquisa de mercado Gartner reportou nova queda anual de 5,7% nos embarques mundiais de computadores pessoais, que agora ficam muito abaixo do volume de vendas de smartphones.
No entanto, em meio a toda essa negatividade, a semana passada trouxe talvez o maior momento de criatividade e inovação visto em anos nesse mercado. Google, Microsoft e Apple lançaram novos computadores, grandes e pequenos, que prometem revolucionar a produtividade.
Os analistas sugerem que o declínio dos computadores pessoais -que supostamente estão sofrendo um golpe fatal da parte dos smartphones e tablets- pode não ser tão terminal quanto parece.
Até o slogan "alô de novo" usado pela Apple em seu convite de lançamento remetia ao pico do mercado de computadores nos anos 80, quando os padrões PC e Mac disputavam espaço nas escrivaninhas de todo o planeta. Em 1984, a Apple usou a palavra "alô" para apresentar o Macintosh ao mundo.
"Somos todos muito diversos, e as pessoas trabalham de maneiras muito diferentes", disse Carolina Milanesi, analista da Creative Strategies. "Talvez pela primeira vez, empresas estão tentando realmente compreender o que precisa mudar na maneira pela qual trabalhamos, em lugar de simplesmente despejarem aparelhos sobre nós sem nem pensar".
Primeiro veio o Jamboard, do Google, uma enorme tela de toque de 55 polegadas para uso colaborativo em escritórios. Custa US$ 6.000 e emprega apps de computação em nuvem da empresa, como o Docs e o Drive.
Ainda mais ousada foi a Microsoft com o seu Surface Studio, um computador pessoal de peça única com tela de 28 polegadas que pode ser usado em pé (com um teclado) ou na horizontal, com uma caneta especial. Há também um novo aparelho de inserção de dados chamado "Surface Dial".
O Dial, que tem o tamanho de um disco de hóquei, poderá ser usado com os demais tablets e laptops Surface da Microsoft. há controle de zoom e a possibilidade de selecionar cores de uma palheta ou consultar grande número de documentos rapidamente.
O Surface Studio, de US$ 3.000, veio acompanhado de uma atualização de sistema operacional Windows 10 Creators, que inclui novas capacidades gráficas 3D, e pelo novo Surface Book, um híbrido entre laptop e tablet.
Satya Nadella, presidente-executivo da Microsoft, elogiou a linha de produtos como "o nascimento de uma nova mídia". Depois de uma década de inovações "direcionadas ao consumo", como as redes sociais, a Microsoft tem por alvo a "geração Minecraft, de criadores e fazedores", disse o executivo.
"Acredito que os próximos 10 anos virão a ser definidos por tecnologias que possibilitem criação profunda".
Não houve menção à data de lançamento do novo smartphone da Microsoft; a divisão de telefonia Windows, que a empresa adquiriu da Nokia, responde por apenas uma minúscula fração de um mercado mundial ferozmente competitivo.
Por fim, a Apple também revisitou a fórmula tradicional de seus laptops. O principal recurso do novo MacBook Pro, lançado na quinta-feira, era a Touch Bar: uma fina barra de toque feita de material semelhante ao da tela do iPhone, que pode ser direcionada a uso com qualquer app que esteja na tela principal do computador, de edição no Photoshop a emojis no iMessage.
"Uma barra sensível ao toque oferece conexão mais intuitiva e imediata", disse Sir Jonathan Ive, o vice-presidente de design da Apple, em um vídeo exibido no evento de lançamento. "Comandos que antes ficavam ocultos agora estão visíveis, são facilmente acessíveis e podem ser personalizados".
A ideia não é nova: a Lenovo já tentou um teclado adaptativo semelhante em seu ThinkPad XI Carbon, dois anos atrás, mas o abandonou devido a críticas não muito positivas.
O que o novo MacBook não tem, no entanto, é uma tela de toque plena como o Surface Book ou os tablets da Apple.
Perguntado quatro anos atrás sobre o motivo de a Apple não estar produzindo computadores "conversíveis" capazes de operar como computador ou tablet, Cook disse que combinar uma torradeira a um refrigerador era inútil.
Embora o iPad Pro ofereça uma tela de toque e teclado destacável para trabalho em qualquer lugar, a Touch Bar é a maior mudança no Mac em anos.
"O que a Apple está fazendo com seu novo Macbook Pro é tentar encarar o dilema do que fazer no espaço entre o laptop e o iPad", disse Neil Cybart, analista da tecnologia na Above Avalon. "Eles acreditam que esses dois formatos requerem interfaces diferentes... A estratégia da Microsoft é combiná-las".
A despeito da gama de inovações em oferta, os analistas dizem que o número de consumidores que podem comprar esses computadores repensados continua pequeno. Em parte, isso se deve ao preço: a linha MacBook Pro da Apple custa pelo menos US$ 200 a mais do que a linha precedente, com preços acima de US$ 1.799 para modelos equipados com a Touch Bar.
O Surface Studio da Microsoft "não é um computador para o mercado de massa, de maneira alguma", disse Jan Dawson, analista da Jackdaw Research.
"Vejo o Surface Studio como uma demarcação de posição pela Microsoft, ela precisava de algo que servisse como bandeira para a parte de seus negócios que lida direto com o consumidor. E a criatividade parece ter sido escolhida para essa função".
Depois de décadas de teclados e mouses, as mudanças em como os usuários interagem com os computadores demorarão anos a chegar à maioria dos usuários no trabalho e aos profissionais de criação.
Mesmo assim, Milanesi diz que as mais recentes tentativas são "refrescantes", em um mercado até agora estagnado. "Microsoft e Apple estão tentando descobrir se podemos trabalhar de maneira diferente, e mesmo elas não estão seguras de qual será essa diferença".
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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Atualizado em 17/05/2024 | Fonte: CMA | ||
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