Estados querem desvincular multa da repatriação de medidas de ajuste
Os Estados querem receber parte da multa com o programa de regularização de ativos no exterior, também conhecido como repatriação, independentemente da implementação de quaisquer medidas de ajuste, disse nesta segunda-feira (28) o presidente do Consefaz (Consórcio Nacional de Secretarias de Fazenda), André Horta.
"A repatriação é um assunto, o novo regime fiscal é outro assunto. Foi isso que os governadores disseram, não querem discutir esses dois assuntos juntos", disse Horta, que também é secretário de Tributação do Rio Grande do Norte.
Em outra frente de negociação com o governo federal, os Estados também buscam formatar um acordo que proponha um "cardápio de medidas" que poderão ser adotadas para o reequilíbrio das contas estaduais, ao invés da imposição de um caminho único a todos. Isso porque acreditam ter problemas distintos, com soluções também distintas.
"Respeitando a diversidade dos Estados é mais fácil de se chegar a um pacto do que uma camisa de tamanho único", disse Horta a jornalistas após uma reunião de cerca de quatro horas com o secretário-executivo da Fazenda, Eduardo Guardia, e a secretária do Tesouro, Ana Paula Vescovi. Com exceção de Sergipe, Mato Grosso e Distrito Federal, participaram todos dos demais secretários de Fazenda estaduais.
Segundo Horta, uma nova reunião com os mesmos participantes deve ocorrer na quinta-feira (1º) para colocar no papel o acordo com as sugestões dos governos estaduais.
Na semana passada, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, divulgou em coletiva de imprensa que o governo havia fechado uma proposta com os Estados para a implementação de medidas de aperto fiscal em troca da divisão da multa arrecadada com a repatriação, garantindo aos entes a injeção de mais R$ 5 bilhões.
Nesta segunda, contudo, Horta afirmou que os Estados não teriam na ocasião chancelado a implementação das medidas como uma obrigação para o recebimento dos recursos.
"A forma de condicionante não foi assinada", disse ele, destacando que os governadores do Nordeste já declararam publicamente que vão manter a ação no Supremo Tribunal Federal (STF) exigindo a partilha dos recursos com as multas da repatriação.
"O que está na mesa, de corrigir Previdência, de tratar benefício fiscal, tudo isso os Estados já estão fazendo ou já começaram a fazer. O que está na mesa não é motivo de dissensão entre União e Estados", completou.
Contas do setor público consolidado -
NOVAS MEDIDAS
Na saída da reunião, o secretário de Fazenda do Espírito Santo, Paulo Roberto Ferreira, afirmou que era preciso resgatar no texto do acordo aquilo que havia sido realmente discutido entre os entes e a União, já que a versão que veio a público havia gerado "todo um mal estar".
Por sua vez, a secretária de Fazenda de Goiás, Ana Carla Abrão, afirmou que os Estados reconhecem a necessidade de enfrentamento da crise fiscal, mas que a repartição de recursos da repatriação e o pacto para implementação das medidas de ajuste são duas agendas distintas.
"Não estamos aqui para fazer toma lá dá cá", disse.
Em nota, a Fazenda se limitou a dizer que o resultado das negociações será submetido pelos secretários de Fazenda aos respectivos governadores para posterior discussão com o ministro da Fazenda.
CONTRAPARTIDAS PELA REPATRIAÇÃO
O que o governo Temer quer dos Estados para repassar dinheiro da multa:
- Medidas legais que definam o teto de gastos nos Estados
- Congelamento de salário dos servidores por 2 anos
- Não criar mais cargos comissionados
- Corte de pelo menos 20% das despesas com funcionários comissionados
- Apresentação de emenda à reforma da Previdência para que as regras federais vigorem nos Estados
- Retirada de ações no STF pedindo o compartilhamento de multas que serão aplicadas com repatriação de recurso do exterior
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