Crédito do BNDES a construtoras da Lava Jato terá crivo do Itamaraty
A liberação de recursos do BNDES a obras no exterior de construtoras envolvidas na Lava Jato dependerá da avaliação do governo federal.
Após a AGU (Advocacia-Geral da União) abrir uma ação civil pública contra as empreiteiras, o BNDES suspendeu o desembolso de empréstimos de US$ 7 bilhões que haviam sido aprovados para bancar a exportação de serviços de engenharia em outros países –deste total, US$ 2,3 bilhões já haviam sido liberados.
Cinco empreiteiras acusadas de atuar no esquema de corrupção na Petrobras tocam os projetos, diz o BNDES: Odebrecht, Camargo Corrêa, Queiroz Galvão, OAS e Andrade Gutierrez. São obras em Argentina, Honduras, Guatemala, Cuba, Venezuela, República Dominicana, Angola, Moçambique e Gana.
"Temos 25 contratos que estamos avaliando um a um, segundo os critérios como andamento da obra, exposição [do banco]", afirmou Ricardo Ramos, diretor da área internacional do BNDES.
Executivos do banco disseram nesta terça-feira (29) que a avaliação dos projetos está em "estágio avançado" e esperam que até o fim deste ano a análise de parte deles seja concluída pela área internacional. A palavra final sobre a continuidade das operações, porém, dependerá da avaliação da diretoria do banco em conjunto com o Itamaraty.
Isso porque os empréstimos foram concedidos aos governos de onde são feitas as obras, o que poderia interferir na relação diplomática do Brasil com esses países.
"Qualquer coisa que fizermos, terá comunicação junto com o cliente, com os entes soberanos, que são os governos, articulada com o MRE [Ministério de Relações Exteriores ou Itamaraty]", disse Leonardo Pereira, superintendente da área internacional.
Segundo ele, a tendência é que boa parte dos contratos prossiga. "A maioria ou 100% vão continuar. Mas não posso cravar o número ainda."
Reportagem publicada pelo jornal "Valor Econômico" nesta terça-feira informou que o banco já tem informações sobre a viabilidade desses empreendimentos e poderia cancelar os contratos.
RISCO DO PAÍS
Na avaliação feita pelo BNDES, além da capacidade de entrega das construtoras, é levada em conta a situação financeira dos países. A Venezuela, por exemplo, passa por grave crise econômica.
O banco estatal diz estudar a possibilidade de o empréstimo ser repassado a outras instituições, como bancos europeus de financiamento.
As obras que passarem pelo crivo do BNDES terão novos padrões de conformidade –também criados após consulta à AGU. Empresas e governos estrangeiros terão de aceitá-los. "Se o devedor não assina, não segue o projeto", afirmou Pereira.
A Camargo Corrêa disse que a decisão não traz repercussões para a empresa, já que nenhum projeto em andamento no exterior depende de financiamento do BNDES. As demais não comentaram.
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