Sorveteria mineira com 402 unidades prepara ida a Miami
O plano do produtor rural Francisco Olímpio de Oliveira -o seu Chiquinho-, era dar um rumo à vida de seu 11º filho, Isaías, então com 18 anos e trabalhando de "faz-tudo" num mercado em Frutal, cidade de 58 mil habitantes no Triângulo Mineiro.
Assim, em 1980, nascia a Chiquinho Sorvetes, hoje uma rede de franquias com 402 unidades, em quase todos os Estados -o grupo ainda não chegou ao Amapá.
Agora, a meta é chegar ao mercado internacional em 2017. A primeira parada será em Miami, nos Estados Unidos, com dois novos pontos.
A primeira loja, porém, começou minúscula no centro de Frutal, com 16 m², diz Isaías, hoje com 55 anos. "Naquela ocasião, vendíamos entre 12 e 16 opções de sabores, além de pastéis e sucos", diz.
Essa unidade compacta ficou de pé por cinco anos. Foi quando Isaías fez as malas e se mudou para Guaíra (SP), de 40 mil habitantes, onde montou sua sorveteria. Na sequência abriu filiais nas cidades paulistas de Orlândia, Sertãozinho, Barretos, Araraquara e São Carlos.
À medida que o negócio ia se expandindo pela região, Isaías foi mudando a receita do sorvete, para adequá-lo ao gosto dos clientes.
COR E FORMA
O crescimento rápido da rede chamou a atenção de seus parentes no final dos anos 1990 e, logo, a Chiquinho Sorvetes passou a ser gerida pelos Oliveira sob o formato de uma associação.
Com cerca de 20 familiares envolvidos, entre cunhados, irmãos e sobrinhos, a rede atingiu 80 novos pontos entre os anos de 2000 e 2010.
Só que o boom gerou um problema: a falta de padronização. "Apenas o nome da rede era igual nas unidades. Cada uma tinha sua fachada, sua cor. Isso mais confundia que ajudava", afirma Isaías.
A solução, diz, foi aderir à franquia, em 2010, após 20 anos de operações no sistema tradicional. "Houve uma demanda espontânea. Pessoas nos procuravam para terem uma sorveteria."
Mas a transição não foi fácil, diz Francisco Neto, 42, sobrinho de Isaías e proprietário de cinco pontos da marca. "Antes, não havia regras e ninguém pagava royalties. Com as franquias, ficou bem mais pesado. Dois parentes não aceitaram esse novo posicionamento e abandonaram o negócio."
Quem decidiu continuar tornou-se franqueado, e a fabricação do sorvete deixou de ser feita nas lojas e foi terceirizada. "Os custos aumentaram, mas acabaram sendo absorvidos, porque não havia mais a necessidade de contratar mão de obra para a produção", afirma Neto.
O portfólio também cresceu e conta com cem sabores em diversos formatos. A empresa também fez parcerias com grandes marcas, como a Nestlé e a Três Corações, para incrementar o cardápio.
"Trabalhar com capital próprio é um risco, porque ele acaba. Com as franquias, a gente vai investindo e crescendo junto", analisa Isaías.
Por conta da expansão, a empresa criou um centro logístico, em Mirassol (SP), uma central de distribuição, uma agência de publicidade e uma empresa de software, que controla o faturamento.
Isaías detém 51% da marca. Os 49% restantes estão divididos entre cinco familiares que continuaram no negócio. Para aderir à franquia, é necessário R$ 350 mil -o resgate do investimento demora, em média, 36 meses.
TRUNFO
Começar primeiro por cidades menores foi a estratégia da Chiquinho Sorvetes para crescer, diz o presidente Isaías Bernardes de Oliveira.
"Conseguimos sanar erros nos pequenos mercados. Quando chegamos às cidades maiores, já estávamos estruturados."
"O público de cidades com porte semelhante é mais homogêneo. Fica mais fácil começar a crescer assim", afirma Thelma Rocha, especialista em gestão internacional da ESPM, em São Paulo.
O mais indicado é que a primeira grande expansão de uma franquia ocorra pelo entorno de sua base. "Assim, o franqueado ganha mais assistência e os ajustes são mais rápidos e orgânicos", diz Claudia Bittencourt, consultora do ramo de franchising.
Para evitar os erros, a franqueadora precisa saber quem é o seu público, aonde quer chegar e qual é o perfil ideal de seus franqueados.
Thelma Rocha diz ainda que é preciso ter estratégia para dar conta dos custos, estrutura para treinamentos e estabelecer um padrão para todos os processos da empresa.
"O sorvete feito em São Paulo precisa ser o mesmo de Rio Branco (AC). É a padronização que faz uma marca ser poderosa e mais longeva", explica.
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