Dólar alto impulsiona turismo de aventura doméstico
Folhapress | ||
Mauricio Lino, fundador e diretor da Pisa, dec turismo de aventura, no escritório da empresa, em SP |
Saem Machu Picchu, Everest e Patagônia. Entram monte Roraima, chapada das Mesas e Aparados da Serra. A alta do dólar fez os fãs brasileiros de turismo de aventura deixarem de lado os destinos no exterior e procurarem viagens nacionais.
"Não são locais exatamente novos, já vêm despontando há uns cinco anos, mas estão se consolidando, ficando mais profissionais e atraindo mais gente", afirma Maria Angela Cabianca, professora de turismo da universidade Anhembi-Morumbi. Além dos destinos já citados, ela menciona também o Jalapão e a chapada dos Veadeiros como alternativas em alta.
Essa mudança criou uma oportunidade para empresas do setor atravessarem a crise. "Em 2015 tivemos que dispensar algumas pessoas, mas desde fevereiro do ano passado estamos recontratando", afirma Mauricio Lino, 55, fundador da Pisa.
A empresa viu dobrar a procura pelas viagens nacionais. "Cresceu na mesma proporção que cai a busca pela internacional", afirma.
Uma das pioneiras de turismo de aventura no Brasil, a operadora paulistana começou a funcionar em meados dos anos 1980 como um clube de amigos que organizavam viagens e só virou empresa em 1987.
"Crescimento mesmo só veio a partir de 1992, quando passei a me dedicar a ela com exclusividade", conta Lino.
A trajetória da Pisa ilustra o caminho feito por todo o segmento. A maior parte dos empresários do setor eram fãs de aventura e começaram como amadores, diz Luiz Del Vigna, vice-presidente da Abeta (Associação Brasileira das Empresas de Ecoturismo e Turismo de Aventura).
Nos anos 2000, foram criadas uma série de regras técnicas para quem quisesse atuar na área, levando a uma maior profissionalização.
"Ao implementar uma norma técnica, a empresa indiretamente passa a ter outro grau de gestão", afirma ele. "Houve um amadurecimento do mercado, amadores viraram empresários."
Segundo Marcio Bertolini, do Sebrae-SP, a implementação dessas regras é um dos principais desafios de quem pretende empreender na área. Além disso, há outras questões a serem resolvidas, como seguros para possíveis acidentes. "Além do planejamento que todo negócio precisa, turismo de aventura também requer do empresário alguns cuidados que não existem, por exemplo, para um salão de beleza", afirma.
'IMAGINÁRIO'
O aumento do turismo de aventura nacional tem tudo para crescer nos próximos anos, de acordo com Del Vigna, da Abeta. "Os brasileiros aprenderam a viajar e gostaram, há um processo evolutivo da indústria de viagens no Brasil que é irreversível", diz.
"Cada vez mais as pessoas buscam atividade junto à natureza como paliativo para as agruras da vida moderna", completa ele.
"O Brasil é um grande polo de turismo de natureza no mundo", afirma Giancarlo Valias, 40, sócio e diretor da paulistana Venturas.
O segredo é investir em destinos mais exóticos, diz. "Hoje o cliente consegue comprar sozinho pela internet. Então ele quer uma agência que pense por ele, traga novas coisas", afirma. Entre as apostas estão novas trilhas nos Lençóis Maranhenses e na Chapada Diamantina.
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