Com preços mais altos, Petrobras perde mercado em combustíveis
Ueslei Marcelino - 30.set.2015/Reuters | ||
Trabalhador pinta tanque da Petrobras em Brasília |
Com preços mais altos do que o mercado internacional durante boa parte do ano, a Petrobras perdeu participação no suprimento de combustíveis ao mercado brasileiro no ano passado.
A perda ocorreu tanto nas importações de produtos quanto na venda no varejo, que é feita por meio da subsidiária BR Distribuidora.
A empresa, que foi responsável por 83,7% das importações de gasolina em 2015, teve a participação reduzida para 59,7%, segundo a ANP (agência reguladora do setor). No caso do diesel, a queda foi de 84,2% para 16,4%.
Essa queda ocorreu, na avaliação da ANP, porque a Petrobras manteve, na maior parte do ano passado, preços acima das cotações internacionais. Isso abriu "janelas de oportunidade" para que outras empresas atacassem o mercado da estatal.
No caso do diesel, a ANP calcula que o preço da empresa ficou, em média, 35% superior às cotações internacionais até novembro.
Em outubro, diante da perda de mercado, a empresa atualizou sua política de preços, passando a acompanhar mais de perto os valores cobrados no exterior, com avaliações mensais das condições de mercado.
As importações representaram, em 2016, 12% do mercado brasileiro de diesel e 8% do de gasolina.
De acordo com a ANP, 41 novas empresas pediram para importar combustíveis em 2016. Entre os importadores privados, estão distribuidoras como Ipiranga e Raízen (que opera com a marca Shell) e tradings especializadas em comércio de combustíveis.
No varejo, a estatal também registrou perda de participação de mercado nos três principais produtos. No caso do diesel, a fatia da BR caiu de 37,47% para 33,47%. No mercado de gasolina, a queda foi de 27,72% para
25,39%.
Nestes dois casos, a companhia segue líder de mercado, seguida pela Ipiranga no diesel (com 21,95% das vendas) e pela Raízen (20,52%). Com aumento das importações e queda no consumo, a Petrobras reduziu a produção interna de diesel em 8%.
No mercado de etanol hidratado, a fatia da BR caiu de 20,3% para 17,1%, ficando atrás da Raízen.
A Petrobras disse que "considera positiva a presença de outros agentes participando do suprimento da demanda brasileira" e que seu foco é maximizar os resultados e a geração de caixa.
Já a BR Distribuidora diz que seu plano de negócios prevê o aumento da fatia de mercado, com ações como crescimento da rede e campanhas de marketing.
As vendas de combustíveis no país caíram 4,5% em 2016
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