Líderes do G20 fracassam em reafirmar apoio ao livre comércio
Jonathan Ernst/Reuters | ||
A chanceler alemã, Angela Merkel, em reunião com Donald Trump na Casa Branca |
Os líderes financeiros do mundo fracassaram em chegar a um acordo para apoiar o livre comércio neste sábado (18), recuando de compromissos passados de manter o comércio aberto e rejeitar o protecionismo, mostrou o comunicado dos ministros das Finanças e chefes de bancos centrais do G20
Com uma referência apenas simbólica à necessidade de fortalecer a contribuição do comércio para a economia, as autoridades das 20 maiores economias do mundo romperam com uma tradição de uma década de rejeitar o protecionismo e endossar o livre comércio.
No mais recente confronto entre o novo governo dos Estados Unidos e a comunidade internacional, os chefes financeiros do G20 também voltaram atrás na promessa de apoiar o financiamento ao combate às mudanças climáticas, o que era esperado, depois de o presidente dos EUA, Donald Trump, classificar a mudança climática como um "boato".
Em conversas nos bastidores da reunião do G20, delegados disseram que os EUA estavam barrando algumas questões centrais, sem disposição para fazer concessões e essencialmente inviabilizando um acordo, que requer a assinatura de todos.
Trump já retirou os Estados Unidos de um grande acordo comercial e propôs um novo imposto às importações, argumentando que algumas relações comerciais precisam ser reexaminadas para serem mais justas com os trabalhadores norte-americanos.
Os líderes financeiros do G20, no entanto, reafirmaram o compromisso de evitar a desvalorização cambial competitiva, um acordo-chave, já que os EUA têm se queixado repetidamente que alguns de seus parceiros comerciais estão usando moedas artificialmente desvalorizadas para obter uma vantagem comercial.
LAMENTO
A Alemanha, que detém a presidência rotativa do G20 e sedia a reunião dos ministros na cidade de Baden Baden, viu a ausência de um endosso formal ao livre comércio como um fracasso.
"Isso não é um bom resultado para a reunião", disse o presidente do Bundesbank, Jens Weidmann, segundo um delegado do G20. A Alemanha tem superávit comercial de US$ 65 bilhões com os EUA.
O ministro das Finanças da França, Michel Sapin, disse lamentar que o encontro de líderes financeiros mundiais tenha fracassado em chegar a conclusões satisfatórias sobre comércio e mudança climática.
Sapin ressaltou alguns sucessos do encontro, como a determinação de combater a evasão fiscal, de lutar contra o financiamento ao terrorismo e de fortalecer o investimento privado na África.
"Lamento, no entanto, que nossas discussões de hoje não foram capazes de chegar a uma conclusão satisfatória em duas prioridades que são absolutamente essenciais no mundo de hoje", disse ele em comunicado.
Ele citou a luta contra a mudança climática, afirmando que a França estava convencida da necessidade de um "livre comércio regulado" que seja lucrativo para todos.
ESPERADO
O tom do comunicado já era esperado e havia sido adiantado por alguns países.
"A não ser que haja um milagre de última hora, não há acordo sobre comércio", disse uma autoridade, que pediu para não ser identificada, à agência Reuters.
A possibilidade de não haver referência ao comércio foi mencionada pelo ministro das Finanças da Alemanha, Wolfgang Schaeuble, em entrevista na quinta-feira (16). Ele foi respaldado pela diretora-gerente do FMI (Fundo Monetário Internacional), Christine Lagarde, e por outras autoridades do G20 que disseram que um acordo poderia ficar para um encontro de cúpula do G20 em julho.
O secretário de Tesouro dos Estados Unidos, Steven Mnuchin, disse, também na quinta, que o governo do presidente dos EUA, Donald Trump, não deseja entrar em guerras comerciais, mas que algumas relações de comércio precisam ser reexaminadas para torná-las mais justas para os trabalhadores norte-americanos.
Depois de uma reunião com a chanceler alemã, Angela Merkel, na sexta-feira (17), Trump disse não acreditar no isolacionismo, mas afirmou que a política comercial deve ser mais justa.
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