Temer abre ofensiva para tranquilizar setor produtivo
Ao receber o presidente da Shell, no início do mês, Michel Temer foi confrontado com uma dúvida incômoda. "Meus acionistas têm perguntado se ainda é uma boa ideia investir no Brasil", disse Ben van
Beurden, segundo relatos. Temer teria reagido: "Diga a eles: o Brasil continua sendo um país seguro".
Em setembro, Beurden havia saído de outro encontro com Temer mais confiante, anunciando a manutenção de aportes da Shell no país. Em seis meses, o cenário mudou.
A crise agravada pelo envolvimento de mais de uma centena de políticos nas delações da Odebrecht e as dificuldades para fazer avançar a reforma da Previdência aumentaram a insegurança de empresários e investidores.
Em resposta, Temer abriu uma ofensiva para tranquilizar o setor produtivo e apontar que está comprometido com as reformas que ajudarão a controlar as contas do país, mantendo atraente o ambiente de investimentos.
Em 30 dias, o presidente se reuniu 20 vezes com grandes empresários. Discursou para investidores em evento do Bradesco, encontrou dirigentes do setor de alimentos e jantou com figurões do PIB no apartamento de um peso-pesado do varejo.
Nos próximos dias, deve se reunir com o presidente da Heineken no Brasil e com investidores indianos da área de química fina, além de participar de reunião do comitê gestor do Conselhão, que tem como
integrantes Claudia Sender, da Latam, e Fabio Coelho, do Google Brasil.
Integrantes do governo identificaram, em conversas com empresários, um receio com a demora na retomada do crescimento e com o risco de desfiguração ou derrota da reforma da Previdência.
A avaliação é que uma mudança no humor do mercado afetaria a expectativa de recuperação. Se o PIB demorar demais a crescer, acreditam, poderia bater um percentual inferior a 0,5% no fim do ano.
Em campanha para aumentar a confiança de investidores, o presidente transmite tranquilidade ao setor produtivo e diz que as medidas que evitarão o agravamento das contas públicas serão aprovadas rapidamente.
O governo quer sinalizar que a crise política detonada pelos inquéritos contra ministros e parlamentares não vai barrar a agenda de reformas. A ideia é demonstrar compromisso do Planalto e do Congresso com a pauta.
Com esses movimentos, Temer reforça a estratégia de turbinar a agenda econômica e apostar na consolidação fiscal como pilar de estabilidade de seu governo. Esquiva-se, assim, do péssimo ambiente político e apega-se à recuperação do PIB como tábua de salvação do mandato.
Auxiliares do presidente identificam quatro focos de insegurança que precisam ser mantidos sob controle para evitar uma elevação da instabilidade econômica: a Lava Jato, a ação de cassação de seu mandato no TSE, a reforma da Previdência e a insatisfação popular.
Em conversas com o empresariado, o governo sinaliza que a Lava Jato seguirá seu curso sem abalar a pauta do governo e diz ter convicção de que a ação no TSE deve ser concluída em breve, com desfecho favorável a Temer.
O ministro Henrique Meirelles (Fazenda) reforçará o discurso de normalidade no encontro do Banco Mundial e do FMI desta semana, em Washington.
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