Operação pode barrar oferta de ações da JBS nos EUA
Danilo Verpa/Folhapress | ||
Joesley Batista, dono da JBS, durante entrevista |
Das operações policiais que atingiram o conglomerado dos irmãos Batista nos últimos meses, a Bullish, deflagrada nesta sexta (12), tem potencial para ser a mais danosa no curto prazo.
A decisão judicial que a autorizou traz limitações a atividades da JBS —as operações anteriores Greenfield, Sépsis e Cui Bono tinham como alvo a J&F, holding que reúne participações dos Batistas no frigorífico e em empresas como Eldorado, Alpargatas, Vigor e Flora.
Em seu despacho, o juiz Ricardo Soares Leite, da 10ª Vara Federal de Brasília, afirma que os controladores da JBS não poderão promover "qualquer mudança estrutural nas empresas existentes", incluir ou excluir sócios e criar empresa "no Brasil ou em país estrangeiro" até que a PF produza um relatório conclusivo sobre as supostas irregularidades nos aportes feito pelo BNDES no frigorífico.
A ordem judicial coloca em xeque o lançamento de ações no exterior planejado pela JBS, que deveria ocorrer até o mês que vem.
A companhia já vinha enfrentando obstáculos para fazer a oferta no primeiro semestre deste ano, como inicialmente anunciado aos investidores. A chegada da Bullish pode inviabilizar de vez esse cronograma.
Na avaliação de executivos do grupo, o texto levanta dúvidas suficientes sobre a possibilidade de levar o negócio adiante neste momento, apesar de não vedar especificamente uma oferta de ações, apurou a Folha.
Não há, contudo, um parecer jurídico definitivo sobre o tema, que ainda está sendo analisado internamente.
Procurada, a JBS afirmou que não comenta o processo de abertura de capital.
A intenção da empresa é lançar na Bolsa de Nova York ações de uma subsidiária chamada JBS Foods Internacional, que passaria a concentrar todas as operações da companhia fora do Brasil.
O plano fora uma alternativa ao veto do BNDES à reestruturação que transferiria a sede da JBS para a Irlanda.
Internamente, executivos do frigorífico trabalhavam com a programação de atualizar informações do registro para a oferta em março e deixar tudo pronto para lançar as ações até este mês.
A Operação Carne Fraca, que investigou fraudes na fiscalização de frigoríficos e também mirou a JBS, já havia colocado esse planejamento em suspenso. Alvo da PF, a JBS teve de interromper exportações, cortar a produção e viu o preço das ações cair.
Diante disso, a cúpula da companhia já adotara posição cautelosa. A avaliação era que não valeria a pena colocar a operação na rua num momento em que os investidores estavam inseguros. A venda de uma fatia do frigorífico seria feita caso fosse possível levantar "um valor justo", de acordo com um executivo. Do contrário, seria melhor esperar.
Ao envolver mais uma vez o presidente da JBS, Wesley Batista, e o presidente do grupo, Joesley Batista, a Bullish causou novo abalo na confiança dos investidores —as ações do frigorífico caíram 3%.
O prejuízo das sucessivas operações policiais à imagem da JBS foi notado, inclusive, pelo juiz Soares Leite, ao explicar porque não pediria a prisão dos dois irmãos.
Editoria de Arte/Folhapress | ||
VALE ESTE Operações sob suspeita |
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Editoria de Arte/Folhapress | ||
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UMA APÓS A OUTRA
Grupo J&F, que controla a JBS, já foi alvo de quatro operações da PF
jul.2016
Operação Sépsis
> Suspeita de que a Eldorado Celulose, do grupo J&F, teria pago propina para obter recursos do fundo de investimentos do FGTS. A PF realizou buscas na sede do grupo e na casa de seu dono, Joesley Batista, em SP
set.2016
Operação Greenfield
> Eldorado Celulose é suspeita novamente de ter recebido recursos irregulares de fundos de pensão. Justiça determina que Joesley e seu irmão Wesley Batista se afastem dos cargos de chefia
jan.2017
Operação "Cui Bono?"
> J&F é suspeita de ter se beneficiado de um esquema de concessão de créditos pela Caixa Econômica Federal, devido a uma troca de mensagens entre Eduardo Cunha e Geddel Vieira Lima, então executivo da Caixa, sobre pedidos de empréstimo ao grupo
mar.2017
Operação Carne Fraca
> JBS, da J&F, é suspeita de pagar fiscais do Ministério da Agricultura em troca da liberação de certificados sem que fosse realizada fiscalização
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