Perda de espaço de bens brasileiros na Argentina foi disseminada, indica CNI
Nacho Doce - 13.ago.2013/Reuters | ||
Os automóveis lideram a lista dos principais produtos brasileiros exportados para Argentina |
Estudo da FGV feito a pedido da CNI (Confederação Nacional da Indústria) mostra que o recuo da presença brasileira no mercado argentino atingiu diversos setores.
Dos 26 principais produtos brasileiros exportados para a Argentina em 2005, o Brasil possuía liderança em 25. Uma década depois, considerando a mesma lista de produtos, o país mantinha a dianteira em apenas 18.
Em todos eles, contudo, a distância para o segundo colocado diminuiu.
A recuperação vista recentemente, com o mercado argentino retomando neste ano o posto de principal comprador de manufaturados do país, não foi suficiente para afastar a preocupação do empresariado.
Isso porque o saldo ainda é desfavorável ao país: ao final de 2016, os produtos brasileiros representavam 24,5% das exportações argentinas, bem abaixo dos 34,8% que o país possuía dez anos antes.
O recuo em várias frentes decorre da perda de competitividade dos produtos brasileiros e da chegada de novos e agressivos rivais no mercado argentino, indica a pesquisa.
Se em 2005 os brasileiros disputavam especialmente com mercadorias da Alemanha, Estados Unidos e França, atualmente a concorrência maior é com China, México, Coreia do Sul e Tailândia.
Ver esses rivais avançarem é sofrido para a indústria brasileira já que, além de ter fronteira com a Argentina, o país possui vantagens tarifárias derivadas do Mercosul e do acordo automotivo.
MEDIDAS
Para auxiliar os brasileiros nessa disputa, a indústria criou o Conselho Empresarial Brasil-Argentina. A nova entidade, que reúne 58 empresas e associações setoriais, fará sua primeira reunião nesta quinta (8).
"Há um potencial tremendo nos dois países que não é explorado em sua plenitude. Cada país passa em diferentes momentos por períodos de volatilidade e instabilidade política.
Está na hora de a iniciativa privada ser mais atuante", diz Ricardo Lima, presidente da cimenteira Intercement, que presidirá o conselho.
O conselho defende medidas para ampliar os investimentos na Argentina e reduzir barreiras ao comércio. Defende a revisão de acordo de bitributação de renda entre os dois países e que Brasil e Argentina aprofundem a cooperação em negociações e disputas na OMC (Organização Mundial do Comércio).
Entre as prioridades do conselho, estão ainda medidas para aumentar o comércio de serviços com o país vizinho.
Hoje, a Argentina ocupa o 9º lugar entre os principais compradores de serviços do país, com apenas 2% do que os brasileiros exportam.
As empresas brasileiras querem aproveitar o fôlego recente nas exportações, que acumulam alta de 20% em 2017, para recuperar o espaço perdido na Argentina, principal parceiro na região.
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