análise
Netflix usa produção local para se expandir, mas a custo alto
A Netflix cresceu quatro vezes mais fora dos EUA do que no mercado americano, no segundo trimestre deste ano, e rompeu a barreira dos 100 milhões de assinantes.
O que provocou esse resultado foi conteúdo próprio, chamado "original", não só novas séries americanas, como "13 Reasons Why", mas internacionais, produzidas em cada mercado.
Cada vez mais, a Netflix depende dos assinantes latino-americanos e europeus para se manter crescendo e no agrado dos investidores.
Wall Street, que previa 3,2 milhões de novas assinaturas, respondeu aos 5,2 milhões levando as suas ações ao maior valor já alcançado, com salto de quase 10%, nesta terça-feira (18).
Na explicação dos próprios executivos, o aumento de 4,14 milhões de assinaturas fora dos Estados Unidos se deve -em parte- ao conteúdo nacional. "Por América Latina e Europa, estamos indo muito bem e temos de continuar o que estamos fazendo: mais produções locais", disse Reed Hastings, fundador e presidente da empresa, na entrevista tradicional aos acionistas.
Não só produções locais, mas de outros países, EUA inclusive, que se amoldem ao gosto da cada mercado.
"A chave é realmente combinar a programação com o gosto local, vimos isso na nossa expansão na América Latina e na Europa", acrescentou Ted Sarandos, diretor de conteúdo da Netflix.
Por outro lado, o investimento cada vez maior da Netflix em conteúdo, que levou ao recorde de 91 indicações ao Prêmio Emmy, está pesando sobre as contas.
PIADA
A Netflix teve fluxo de caixa negativo em 2015 (US$ 920 milhões) e em 2016 (US$ 1,7 bilhão), e a previsão é fechar 2017 com números ainda piores, entre US$ 2 bilhões e US$ 2,5 bilhões.
Mas os executivos fazem até piada com o tema, dizendo que o fluxo negativo pode ser usado como indicador de "enorme sucesso", porque seria comprovação de um acervo de séries e filmes maior e melhor.
A estratégia de bancar produção nacional não visa agradar só aos consumidores, mas diferenciar a Netflix do Google e do Facebook, que estão na mira dos reguladores europeus.
Hastings cita, por exemplo, o financiamento e a posterior apresentação mundo afora de programas da Alemanha e da França, que lideram o cerco ao duopólio americano de tecnologia.
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