Ryanair faz oferta por Alitalia antes de abertura de concorrência
Tiziana Fabi/AFP | ||
Aviões da Alitalia |
A Ryanair, companhia aérea irlandesa de baixo custo, confirmou nesta segunda (24) que fez uma oferta não vinculante para comprar a Alitalia.
"Como se trata da maior companhia aérea da Itália, é importante que estejamos envolvidos no processo", afirmou a Ryanair num pronunciamento, após a imprensa adiantar, na sexta-feira (21), que dez companhias aéreas tinham feito ofertas não vinculantes pela italiana, que está deficitária.
A "low cost" irlandesa anunciou lucros crescentes no segundo trimestre, impulsionados pelo feriado da Páscoa, embora a empresa tenha admitido que o futuro é incerto por causa do "brexit" (saída do Reino Unido da União Europeia).
Ainda no setor de preços menores, a britânica EasyJet confirmou o recrutamento de "mais de 1.200 vagas permanentes ou temporárias para tripulação, diante do crescimento contínuo da companhia aérea", afirmou em nota a diretora do Serviço de Cabine da empresa, Tina Milton.
Esses cargos são uma combinação de novas vagas e antigas, abertas por causa de mudanças naturais da equipe.
Acredita-se que a britânica também tenha feito uma oferta pela Alitalia.
A companhia italiana lutou para competir com as concorrentes "low cost", mas precisou ativar, em maio, um processo administrativo para aquisição ou liquidação, na expectativa de encontrar um comprador.
Cerca de 18 companhias, como Delta Airlines, British Airways, Lufthansa, Easyjet e Ryanair, expressaram seu interesse na empresa e tiveram acesso aos seus dados financeiros.
O governo italiano anunciou em maio que ofereceria um empréstimo para manter as operações da Alitalia por pelo menos seis meses.
Se nenhum comprador for encontrado, os administradores vão ter que organizar a liquidação da Alitalia, que pode acabar com 20 mil empregos na companhia e entre os fornecedores.
RESULTADOS
A Ryanair anunciou uma alta de lucros em seu primeiro trimestre, mas, como outras companhias europeias de aviação, alertou que a competição crescente continuará pressionando as tarifas.
A maior das companhias de aviação de baixo custo da Europa reportou nesta segunda (25) uma alta de 55% em seu lucro no segundo trimestre — foram € 397 milhões ante € 256 milhões no período em 2016, superando os € 366 milhões nas projeções dos analistas. O faturamento subiu em 13%, para € 1,91 bilhão.
As ações da companhia de aviação econômica caíram em 3,6%, para € 17,48.
A Ryanair anunciou que o avanço nos lucros se deve basicamente à Páscoa de 2017 ter caído em abril, e acautelou que os preços das passagens aéreas serão "muito competitivos" pelo restante do ano, devido ao excesso de capacidade do mercado, que vem forçando uma queda nas tarifas.
Os comentários da companhia de aviação irlandesa moderaram a expectativa de uma recuperação rápida no setor europeu de transporte aéreo, que está diante de um excesso de capacidade nova e das consequências dos ataques terroristas na região e da saída britânica da União Europeia.
"Os resultados acompanham um padrão que vem se tornando cada vez mais familiar no setor europeu de transporte, com desempenho forte e superior às projeções no trimestre da Páscoa, combinado a cautela continuada quanto à perspectiva de receita por unidade no restante do ano", disse Gerald Khoo, analista da Liberum.
Embora a tarifa média tenha subido em 1% no primeiro trimestre, a Ryanair anunciou que antecipava queda de 5% no primeiro e de 8% no segundo semestre do ano.
A previsão de lucro anual da companhia continua a ser de entre € 1,4 bilhão e € 1,45 bilhão.
Michael O'Leary, o presidente-executivo da Ryanair, disse que "estamos satisfeitos por informar uma alta de 55% no lucro, para € 397 milhões, mas acautelamos que a comparação é distorcida por a Páscoa ter caído em trimestre diferente no ano passado".
A companhia prevê que transportará 131 milhões de passageiros neste ano —um milhão a mais do que sua previsão anterior.
Com "Financial Times"
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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