Cooperados querem empréstimo do BNDES para retomar 50% da Itambé
A Cooperativa de Produtores Rurais de Minas Gerais (CCPR) tenta um empréstimo com o BNDES para recomprar os 50% da Itambé que venderam a Joesley e Wesley Batista em 2013.
Segundo executivos próximos às tratativas, representantes da cooperativa tiveram uma primeira reunião com o banco, mas o assunto ainda não avançou.
A CCPR não respondeu ao contato da reportagem, e o BNDES não se pronunciou.
Os produtores rurais precisam levantar R$ 600 milhões para exercer o direito de preferência e retomar o controle total da Itambé.
Se não conseguirem, a empresa será vendida para a mexicana Lala, que finalizou na quinta-feira (26) a compra da Vigor e dos 50% da Itambé que pertenciam à J&F, holding dos Batista.
Com dificuldades para estruturar o financiamento, a CCPR pediu que o prazo de pagamento fosse estendido até a aprovação do negócio pelo Cade.
Pessoas próximas às conversas dizem que a cooperativa tem o apoio do governo estadual, que planeja financiar a aquisição por meio do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais. O BDMG atua como repassador de linhas de crédito do BNDES. Procurado, o governo de Minas não Se pronunciou.
Assessores dos Batista ficaram surpresos com a disposição do BNDES de avaliar o financiamento à cooperativa, que pode enfrentar dificuldades para pagar a dívida. Sócio da J&F da JBS, o BNDES trava uma guerra com Joesley e Wesley desde a delação.
A expectativa do mercado é que a CCPR busque um novo sócio para quitar o financiamento. Quando fez negócio com os Batista, quatro anos atrás, a cooperativa enfrentava problemas financeiros e chegou a avaliar vender a Itambé para a própria Lala, mas o acordo não vingou.
A J&F foi o único interessado que topou comprar apenas metade da Itambé e compartilhar o controle e a gestão os produtores. Executivos do setor acreditam que pode ser difícil encontrar outro comprador nesses termos.
No formato original, o negócio selado entre J&F e Lala previa a venda da Vigor e da Itambé por R$ 5,7 bilhões, incluindo as dívidas. A CCPR, no entanto, ficou insatisfeita com a avaliação da Itambé feita pelos mexicanos.
A Lala estava disposta a pagar R$ 1,4 bilhão pela Itambé, 66% menos que os R$ 4,1 bilhões oferecidos pela Vigor.
Para os mexicanos, os produtos da Vigor tem mais valor agregado.
Já a CCPR argumenta que a rede de captação de leite da Itambé é melhor.
A decisão da CCPR de não participar do negócio provocou dificuldades para os Batista, que demoraram mais de dois meses para finalizar a operação. Os mexicanos chegaram a pedir desconto pela Vigor, mas não conseguiram.
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