Garantia menor por quebra de banco deve ter baixo impacto
Fernando Frazão/Folhapress | ||
Diretor do FGC diz que teto de R$ 1 mi por CPF foi estipulado para 'corrigir distorções' |
A decisão do FGC (Fundo Garantidor de Créditos) de mudar seu sistema de garantia pode tornar ativos de bancos pequenos menos interessantes, embora o impacto para a maioria dos investidores seja limitado, dizem especialistas ouvidos pela Folha.
O fundo funciona como uma espécie de seguro para os investidores em caso de quebra das instituições financeiras.
Na quinta-feira (21), o CMN (Conselho Monetário Nacional) estabeleceu um teto de R$ 1 milhão por CPF por um período de quatro anos.
Até então, o limite era de R$ 250 mil (considerando os rendimentos) por CPF e por instituição. Ou seja, um investidor com R$ 5 milhões teria proteção do fundo se distribuísse o valor por 20 instituições. Nada muda para aplicações realizadas até quinta-feira.
Segundo André Loes, diretor do FGC, a decisão foi tomada para corrigir distorções que acabavam beneficiando investidores que não precisavam da proteção.
"A medida é saudável ao reduzir uma distorção, que era ter uma garantia ilimitada e buscar maximizar o retorno de um investidor sem preocupação nenhuma com risco", afirmou Loes.
O fundo garante produtos emitidos por instituições financeiras, como CDBs (Certificados de Depósitos Bancários), LCIs e LCAs (Letras de Crédito Imobiliário e do Agronegócio), além da poupança.
"Nos últimos dois a três anos, pela maior distribuição desses produtos bancários, acabou havendo uma maior pulverização de investimentos. Achamos que seria saudável para o mercado limitar."
INFORMAÇÃO
Na sua avaliação, o investidor com mais de R$ 1 milhão tem acesso a uma assessoria que o pequeno poupador não tem. "Eu devo garantir o investidor que não sabe discernir facilmente que aquele instrumento que ele está comprando é de alto risco", diz.
Ele reconhece que parte desses investidores poderá migrar para outros produtos não garantidos.
"Mas não me preocupa o impacto na captação por causa da ordem de grandeza", diz. "Estamos falando de um número de contas e valores relativamente baixos. O censo mostra que 99,7% das contas estão cobertas pelo limite de R$ 250 mil."
A avaliação de Alexandre Chaia, professor de finanças do Insper, também é que o impacto para o investidor deve ser pequeno.
"Claro que houve perda de direitos, mas a medida é mais um reconhecimento de que, em uma situação de risco sistêmico, com mais de um banco quebrando ao mesmo tempo, não haveria dinheiro para pagar a todo o mundo."
BANCOS MENORES
Chaia acredita que a mudança pode gerar perda de competitividade aos bancos menores. "O investidor pode pensar que é melhor buscar bancos maiores."
Loes diz acreditar que deve haver uma mudança de estratégia das instituições.
"Os bancos vão adaptar o foco comercial e vender para um número maior de pessoas que têm valores menores", afirma.
*
MUDANÇAS NO FGC
Válidas em aplicações a partir de 22.dez
Como era
> Garantia com limite de R$ 250 mil (considerando os rendimentos) por CPF e por instituição
> Investidor poderia distribuir o valor por várias instituições para ter 100% de ressarcimento
Como ficou
> Garantia de até R$ 250 mil (considerando os rendimentos) por instituição, limitada a um teto global de R$ 1 milhão por CPF durante 4 anos
> Se houver falência da instituição, a garantia total diminui
Livraria da Folha
- Box de DVD reúne dupla de clássicos de Andrei Tarkóvski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade
- 'Fluxos em Cadeia' analisa funcionamento e cotidiano do sistema penitenciário
- Livro analisa comunicações políticas entre Portugal, Brasil e Angola
- Livro traz mais de cem receitas de saladas que promovem saciedade
Calculadoras
O Brasil que dá certo
s.o.s. consumidor
folhainvest
Indicadores
Atualizado em 25/04/2024 | Fonte: CMA | ||
Bovespa | -0,07% | 124.646 | (17h36) |
Dolar Com. | +0,29% | R$ 5,1640 | (17h00) |
Euro | +0,48% | R$ 5,541 | (17h31) |