Polícia encontra ativista russa morta em estrada da Inguchétia
A ativista russa de defesa dos direitos humanos, Natalya Estemirova, foi encontrada morta nesta quarta-feira na Inguchétia, horas após ser sequestrada na capital da vizinha Tchetchênia, Grozni. A polícia encontrou seu corpo em uma estrada com ferimentos à bala.
"O corpo apresentava marcas de ferimentos na cabeça e no peito", informou a Comissão de Investigação do Ministério Público, em comunicado. Na manhã desta quarta-feira, Estemirova, 50, foi levada à força de sua casa num carro, com destino desconhecido, informou a ONG Memorial, onde ela trabalhava.
Musa Sadulayev-15.set.07/AP |
Foto mostra a ativista de direitos humanos Natalya Estemirova |
"O presidente Dmitri Medvedev se disse indignado com esta morte", apresentando seus pêsames à família da vítima, declarou sua porta-voz Natalia Timakova citada pelas agências de notícias russas.
Estemirova havia denunciado recentemente uma execução arbitrária na Tchetchênia, o que desagradou às autoridades locais pró-russas, declarou à France Presse Alexandre Tcherkassov, da ONG Memorial.
"Não tenho nenhuma dúvida de que a morte dela esteja ligada à atividade profissional de Natalia que denunciava a arbitrariedade das forças da ordem de Ramzan Kadyrov [o presidente tchetcheno pró-russo]", declarou Tatiana Lokchina da Human Rights Watch. Segundo ela, a forma com que foi a ativista foi sequestrada lembra os métodos usados por homens de Kadyrov.
O governo russo, no entanto, suspendeu em abril a operação antiterrorista que vigorou por mais de uma década na Tchetchênia, o que poderia simbolizar uma normalização.
O fato de o corpo da militante ter sido encontrado na Inguchétia "é uma tentativa de envolver o presidente inguche Yunus-bek Yevkurov" conhecido por dialogar com a sociedade civil e ele mesmo gravemente ferido num atentado suicida no final de junho, afirma Alexeï Malachenko, analista do centro Carnegie que se disse "chocado" com o episódio.
O chefe da diplomacia francesa, Bernard Kouchner, declarou-se "horrorizado" com a morte de Estemirova exigindo que os autores deste crime sejam julgados. A UE (União Europeia) também condenou esta morte "brutal".
Estemirova era ligada à jornalista Anna Politkovskaïa, assassinada em 2006 em Moscou, em um crime jamais elucidado. Estemirova também foi a primeira pessoa a receber, em 2007, o Prêmio Anna Politkovskaïa, entregue a militantes dos direitos humanos nas zonas de conflito. Ela também recebeu um prêmio do Parlamento sueco e a medalha Robert Schuman do Parlamento europeu.
Inguchétia e outros repúblicas no Cáucaso Norte são cenário de tiroteios, explosões e outros episódios de violência insurgente separatista.
As forças de segurança da Tchetchênia intensificaram as operações antiterroristas depois do atentado do último dia 22 de junho contra o presidente da Inguchétia. Yevkurov e o presidente da Tchetchênia, Ramzan Kadyrov, fizeram um acordo para realizar operações antiterroristas conjuntas no território da Inguchétia.
Com France Press
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