EUA admitem uso de base durante golpe hondurenho
O chefe do Comando Sul dos Estados Unidos, general Douglas Fraser, admitiu nesta quarta-feira o uso da base militar de Palmerola, no norte da capital hondurenha, Tegucigalpa, no golpe de Estado contra o presidente do país, Manuel Zelaya, em 28 de junho passado. O general ressaltou, contudo, que os militares americanos não tiveram participação nos acontecimentos que geraram uma crise política no país.
Zelaya foi deposto em uma ação perpetrada por Suprema Corte, Congresso e Exército --que se opunham ao desejo do presidente de realizar referendo sobre uma mudança constitucional que permitiria a reeleição no país. Desde então, apesar da mediação do presidente da Costa Rica, Oscar Arias, e da forte pressão internacional, o governo interino resiste à sua reposição no poder e aguarda a nova eleição presidencial, marcada para 29 de novembro, como fim da crise.
O Exército buscou Zelaya em sua casa e, ainda de pijamas, o colocou em um avião para fora do país. O avião, segundo o próprio relata, pousou em Palmerola antes de levá-lo à Costa Rica.
"É certo que a aeronave aterrissou em Palmerola, mas é uma base hondurenha e não americana. Há pessoal americano, mas não tiveram participação nem conhecimento da chegada e subsequente decolagem da aeronave", disse Fraser, durante encontro com o presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, na sede do governo.
Palmerola foi construída pelos EUA na década de 1980, quando a América Central estava imersa em conflitos armados, e, recentemente, parte das instalações foi cedida a autoridades hondurenhas. A base abriga 600 militares dos EUA em operações contra o tráfico de drogas e outras missões na América Central.
PUBLICIDADE |
O embaixador dos EUA em Tegucigalpa, Hugo Llorens, suspendeu no dia do golpe a ajuda e comunicação com as autoridades hondurenhas, prosseguiu Fraser, que disse desejar uma "solução pacífica" para a crise em Honduras.
Ortega queixou-se com Fraser sobre o uso das bases, mas disse que não se tratava de "uma reclamação". "Os EUA têm de reconhecer que houve um golpe militar [em Honduras]".
O nicaraguense também se disse "preocupado" pelo acordo entre EUA e Colômbia para o uso de sete bases no país sul-americano. Tema que, segundo Ortega, "mancha a disposição da América Latina de procurar um meio de desenvolver um novo tipo de relações com os EUA".
Livraria da Folha
- Box de DVD reúne dupla de clássicos de Andrei Tarkóvski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade
- 'Fluxos em Cadeia' analisa funcionamento e cotidiano do sistema penitenciário
- Livro analisa comunicações políticas entre Portugal, Brasil e Angola
- Livro traz mais de cem receitas de saladas que promovem saciedade
Um mundo de muros
Em uma série de reportagens, a Folha vai a quatro continentes mostrar o que está por trás das barreiras que bloqueiam aqueles que consideram indesejáveis