Cientista nuclear deu informações valiosas sobre a CIA, diz agência
O cientista nuclear Shahram Amiri, que retornou ao Irã na semana passada após dizer ter sido sequestrado por agentes da inteligência americana, está dando informações valiosas sobre a CIA ao governo iraniano, informou a agência de notícias semi-oficial Fars, que cita uma fonte anônima.
Segundo a Fars, a história de Amiri, cheia de reviravoltas mas com poucas provas, vai virar um filme para a TV. Uma companhia cinematográfica vinculada ao governo, Sima Film, contratou um grupo de jovens roteiristas para escrever o script.
Vahid Salemi/AP | ||
O cientista celebrou também o re-encontro com o pai logo após chegar ao Aeroporto Internacional Imã Khomeini |
Ele desapareceu em junho de 2009, quando fazia uma peregrinação à Meca. Ele acusa os EUA de o terem sequestrado em busca de informações sobre o programa nuclear iraniano. Os EUA negam veementemente.
A reportagem da Fars sugere que Amiri foi plantada como agente duplo para descobrir quanta informação os americanos tinham sobre o programa nuclear iraniano. Ele teria mantido contato durante toda sua estadia nos EUA com agentes da inteligência iraniana.
"A batalha foi desenhada e gerenciada pelo Irã", disse a fonte. "Nós tínhamos vários objetivos na batalha e, pela graça de Deus, conseguimos todos os nossos objetivos sem nosso rival conquistar qualquer vitória real".
"Nós queríamos obter boa informação de dentro da CIA. Enquanto Amiri ainda estava nos EUA, nós conseguimos estabelecer contato e obter informações muito valiosas. Ele era gerenciado e guiado por nós", completou a fonte.
Como comprovação das informações, a fonte teria dado dois números de placas de veículos utilizados pela CIA em Virgínia, dizendo que algumas das locações, funcionários e contatos da agência americana foram identificados por Amiri.
NOVELA
O caso de Amiri é cheio de denúncias, mas tem poucas provas. Ele desapareceu em junho de 2009 na Arábia Saudita, para onde havia viajado para uma peregrinação muçulmana.
Teerã afirma que ele foi sequestrado pelos EUA com a ajuda dos serviços de inteligência sauditas, Washington nega.
Em 7 de junho, a televisão estatal iraniana difundiu um vídeo no qual um homem que dizia se chamar Amiri afirmava ter sido sequestrado pelos serviços secretos americanos e estar detido perto de Tucson (Arizona, sudoeste dos EUA).
No final do mesmo mês, outro vídeo divulgado pelos meios de comunicação iranianos mostrava o mesmo homem que dizia ter ido aos EUA livremente, para continuar seus estudos.
Os Estados Unidos sempre desmentiram ter sequestrado o físico e até então se negavam a esclarecer se ele se encontrava ou não em seu território.
O Irã convocou em 7 de julho o adido de negócios da embaixada suíça, que representa os interesses americanos em Teerã, para protestar contra o sequestro de Amiri pela CIA.
Na terça-feira passada (13), Amiri se refugiou no escritório de interesses de seu país, na Embaixada do Paquistão em Washington. Em entrevista à imprensa iraniana, ele disse que passou os últimos 14 meses"submetido a uma pressão psicológica grande e vigiado por homens armados".
O cientista, no entanto, não indicou o lugar de sua detenção nem como conseguiu chegar à embaixada do Paquistão, que abriga a seção de interesses iranianos desde a ruptura das relações diplomáticas entre os Estados Unidos e a República Islâmica há 30 anos.
O Departamento de Estado americano logo declarou que o cientista iraniano se encontrava nos EUA por vontade própria e era livre para partir quando quisesse.
Livraria da Folha
- Box de DVD reúne dupla de clássicos de Andrei Tarkóvski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade
- 'Fluxos em Cadeia' analisa funcionamento e cotidiano do sistema penitenciário
- Livro analisa comunicações políticas entre Portugal, Brasil e Angola
- Livro traz mais de cem receitas de saladas que promovem saciedade
Um mundo de muros
Em uma série de reportagens, a Folha vai a quatro continentes mostrar o que está por trás das barreiras que bloqueiam aqueles que consideram indesejáveis