Milhares fazem cerimônia pelos seis anos do ataque à escola de Beslan
Cerca de 3.000 pessoas lembraram nesta quarta-feira o massacre em Beslan, quando, em 1º de setembro de 2004, um grupo de terroristas islâmicos tchetchenos e árabes invadiu uma escola no interior da Rússia, submeteu um grupo de mais de mil pessoas a três dias sem água e sem comida e matou mais de 330 delas --na maioria crianças-- no pior atentado terrorista após o 11 de Setembro.
Veja como foi o ataque a Beslan
Com flores nas mãos, muitos sobreviventes e familiares das vítimas se reuniram diante das ruínas da Escola Número 1. Um sino tocou exatamente às 9h15 locais, quando cerca de 30 terroristas invadiram o ginásio onde pais e alunos comemoravam o primeiro dia do ano letivo russo.
Kazbek Basayev/Reuters | ||
Russos choram ao lembrar dos seis anos do ataque terrorista à Escola Número 1 de Beslan |
Muitos deixaram flores e velas junto às fotos das vítimas no interior do ginásio, onde os reféns foram mantidos por três dias.
Durante este período, 1.200 pessoas, a maioria crianças, além de professores e pais, foram submetidas a um regime de efetivo terror. A polícia cortou o fornecimento de energia elétrica o que levou à falta de calefação e elevou a temperatura a mais de 30º C dentro do ginásio. Para enfrentar o calor, as crianças tiraram suas roupas. Eles não podiam comer ou tomar água e quem tentasse beber no vaso sanitário era metralhado.
Pessoas beberam a própria urina para suprir a falta de líquido. Todos presos no ginásio do colégio sob enormes bombas colocadas nas cestas de basquete.
Arte/Folha Online |
Em um editorial publicado nesta quarta-feira, com o título "Silêncio sobre os erros", o jornal cotidiano russo Vedomosti afirmou que as autoridades russas não aprenderam a lição.
As negociações continuaram por dois dias, levaram à libertação de 26 pessoas, porém foram interrompidas por uma explosão que derrubou o telhado do ginásio e matou mais de cem. Desesperados, os terroristas saíram atirando em crianças, pais e professores pelas costas, segundo o governo russo. Um confronto de 12 horas foi iniciado nas salas entre as forças especiais, que invadiram o colégio aparentemente sem planejamento, e os terroristas.
Sergei Karpukhin/Reuters | ||
Mulher vela o corpo do filho morto no ataque à escola de Beslan que matou mais de 330; veja mais fotos |
No total, 400 reféns foram libertados e 27 terroristas, mortos. Somente um deles, Nurpashi Kulayev, foi capturado com vida, julgado e condenado a prisão perpétua --uma pena que não aliviou o sentimento de luto e pesar da população de Beslan, uma pequena cidade da Ossétia do Norte com cerca de 30 mil habitantes.
"Sentimos muita dor pela injustiça e pela falta de vontade das autoridades para explicar porque os reféns morreram e porque utilizaram armas de destruição em massa para disparar contra os reféns na escola", disse Anneta Gadieva, cuja filha morreu no ataque.
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