Após atentado no Egito, papa Bento 16 pede proteção aos cristãos
O papa Bento 16 pediu neste sábado aos dirigentes de todo o mundo que defendam os cristãos contra os abusos e as intolerâncias religiosas, depois do atentado contra uma igreja copta em Alexandria, no Egito, que deixou 21 mortos.
"Ante as tensões ameaçadoras do momento, ante (...) os abusos e a intolerância religiosa, que golpeiam hoje os cristãos, em particular, uma vez mais convido a não ceder ao desalento e à resignação", disse o papa durante a missa celebrada na Basílica de São Pedro.
"É necessário um compromisso concreto e constante dos chefes das nações", acrescentou Bento 16 durante a celebração.
"A humanidade não pode se mostrar resignada ante a força negativa do egoísmo e da violência, não deve se acostumar aos conflitos que causam vítimas e põem em risco o futuro dos povos", declarou o papa na homilia
A explosão, que ocorreu após uma missa para celebrar o Ano Novo, pode ter sido um atentado suicida. As informações foram divulgadas neste sábado pelo Ministério do Interior em um comunicado. No comunicado, divulgado pela imprensa local, o ministério diz que não foram encontrados no local os destroços de um carro-bomba, o que sugere que a explosão deve ter sido ocasionada "por um suicida que se misturou aos fiéis e morreu entre eles". Anteriormente, havia sido divulgado que se tratava de um carro-bomba.
Outras 43 pessoas ficaram feridas na explosão, que levou centenas de coptas --os cristãos do Egito-- a organizar protestos nas ruas durante a madrugada deste sábado. A igreja copta representa uma das crenças orientais mais antigas do mundo, sendo governada pelo atual líder --o papa Shenouda 3º-- ao lado de seu sínodo.
PROTESTOS
Durante as manifestações nas ruas, alguns grupos de coptas e muçulmanos lançaram pedras uns contra os outros, e carros foram incendiados. Os cristãos são cerca de 10% dos cerca de 79 milhões de habitantes do país, de maioria muçulmana.
A polícia usou bombas de gás lacrimogêneo para dispersar os manifestantes. Dezenas de homens foram destacados neste sábado para reforçar a segurança.
Em entrevista à TV estatal, o governador de Alexandria, Adel Labib, acusou a rede Al Qaeda de planejar a ação, sem fornecer mais detalhes.
As pessoas foram à igreja para rezar, mas acabaram mortas. Esse massacre foi planejado pela Al Qaeda, segue o mesmo padrão das ações em outros países", disse Kameel Sadeeq, do conselho da igreja copta em Alexandria.
De acordo com a agência de notícias oficial MENA, o presidente egípcio, Hosni Mubarak, pediu que a população "se una" para combater o terrorismo, e pediu que as autoridades localizem e punam os responsáveis pelo ataque.
ATAQUE
O atentado deste sábado foi perpetrado contra a Igreja dos Santos, no bairro de Sidi Bishr, a 0h15 do horário local, quando havia cerca de mil fiéis dentro do local religioso.
Restos mortais das vítimas ficaram espalhados pela rua onde aconteceu o atentado, que danificou edifícios próximos, como uma mesquita situada em frente ao templo cristão.
Trata-se de um dos atentados mais sangrentos ocorridos no Egito nos últimos anos, sendo o mais grave contra a comunidade cristã do país, que representa 10% da população.
Nas últimas semanas, organizações terroristas iraquianas vinculadas à Al Qaeda perpetraram vários ataques contra cristãos do país, em protesto pelo suposto desaparecimento de duas mulheres egípcias que eram cristãs e se converteram ao islã.
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