EUA investigam morte de adolescente na Flórida após petição
O Departamento de Justiça dos Estados Unidos abriu uma investigação nesta terça-feira sobre o assassinato de um adolescente negro por um segurança de bairro, em resposta a uma petição internacional, tweets de celebridades e ira da opinião pública.
Mais de 435 mil pessoas, muitos alertados por tweets de celebridades como o diretor de filmes Spike Lee e o músico Wyclef Jean, assinaram uma petição no website de ação social Change.org, pedindo a prisão do atirador, George Zimmerman.
A Divisão de Direitos Civis do Departamento de Justiça e o FBI [polícia federal americana] anunciaram ter aberto uma investigação sobre a morte a tiros em 26 de fevereiro do adolescente de 17 anos Trayvon Martin, que estava desarmado.
"O departamento vai conduzir uma revisão independente e detalhada de todas as evidências e tomar uma ação apropriada na conclusão da investigação", disse o departamento.
A campanha para chamar atenção para o caso é a terceira maior da história do Change.org e ultrapassou a petição de cerca de 300 mil assinaturas no ano passado para convencer o Bank of America a abandonar os planos de cobrar uma tarifa de cartão de débito de 5 dólares, afirmou Megan Lubin, porta-voz do website.
O advogado da família da vítima, Ben Crump, disse que a pressão pública estava por trás de uma promessa anterior do Departamento de Justiça de revisar o caso. E alguns legisladores da Flórida estão se movendo para considerar uma mudança na lei para evitar que o caso se repita.
"Pessoas ao redor do mundo, mais de 400 mil pessoas, disseram que exigiam que fizessem uma prisão. É o que está aumentando a pressão para avaliar o caso", disse Crump.
O Departamento de Justiça disse que a investigação iria examinar os fatos e as circunstâncias do assassinato, e observou que com todos os crimes federais de direitos civis, o governo deve provar sem sombra de dúvida que uma pessoa agiu intencionalmente.
"Negligência, imprudência, erros e acidentes não são processáveis sob as leis federais criminais dos direitos civis", explicou o Departamento de Justiça.
CRIME
O assassinato aconteceu em um condomínio fechado em Sanford, Flórida, quando Zimmerman viu Martin voltando para casa após ter comprado doces e chá gelado em uma loja de conveniência.
Zimmerman, que patrulhava o bairro em seu carro, ligou para o número de emergência 911 e relatou o que ele chamou de "um cara realmente suspeito".
"Esse cara parece que não está atrás de coisa boa, ou ele está drogado ou algo assim. Está chovendo e ele está apenas andando, olhando em volta", disse Zimmerman ao atendente do 911. "Esses babacas. Eles sempre fogem."
O atendente, ouvindo um respirar pesado no telefone, perguntou a Zimmerman se ele estava seguindo o rapaz, ao que Zimmerman respondeu afirmativamente.
"Okay, não precisamos que você faça isso", respondeu o atendente.
Mas logo em seguida diversos vizinhos ligaram para o 911 para reportar uma briga entre Zimmerman e Martin. Enquanto alguns ainda estavam no telefone, gritos por socorro seguidos por um tiro podiam ser ouvidos de fundo.
"Eu reconheço aquela (voz) como a do meu bebê gritando por ajuda antes de sua vida ser tirada", disse à Reuters a mãe de Martin, Sybrina Fulton.
Livraria da Folha
- Box de DVD reúne dupla de clássicos de Andrei Tarkóvski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade
- 'Fluxos em Cadeia' analisa funcionamento e cotidiano do sistema penitenciário
- Livro analisa comunicações políticas entre Portugal, Brasil e Angola
- Livro traz mais de cem receitas de saladas que promovem saciedade
Um mundo de muros
Em uma série de reportagens, a Folha vai a quatro continentes mostrar o que está por trás das barreiras que bloqueiam aqueles que consideram indesejáveis