Mulher de Bo Xilai confessou ter matado britânico, diz agência
A mulher do ex-dirigente comunista chinês Bo Xilai, Gu Kailai, confessou ter matado o empresário britânico Neil Heywood em novembro de 2011 durante o julgamento do caso, na última quinta (9). A informação foi revelada pela agência de notícias estatal chinesa Xinhua.
Policiais confessam proteção de mulher de Bo Xilai em homicídio
De acordo com a Xinhua, Gu Kailai disse que passava por "um momento de crise nervosa" quando cometeu o homicídio. Na época, a acusada de matar o britânico estava em depressão e tomando remédios que causavam dependência, mas afirma que estava consciente do que aconteceu.
"Eu aceitarei e calmamente enfrentarei qualquer sentença. Espero uma decisão limpa e justa do tribunal. Este caso é uma pedra enorme que estou carregando por mais de um ano. Que pesadelo", disse a ré, segundo a agência.
Ela diz ter tido a ajuda de Zhang Xiaojun, empregada da família, no envenenamento, que considerou intencional".
A mulher de Bo Xilai disse que sofreu um colapso mental após saber que seu filho estava em perigo. "Essa tragédia que foi criada por mim não só se estendeu a Neil, mas também a diversas famílias", disse.
Gu foi declarada principal culpada pela morte Heywood. O veredicto, porém, não foi divulgado. Em nota lida a jornalistas estrangeiros, um porta-voz do tribunal de Hefei (leste da China) afirmou que a ré deu uma dose fatal de veneno em um quarto de hotel de Chongqing, cidade administrada por Bo até março.
"Os fatos criminais são claros, e as provas são sólidas", disse o porta-voz Tang Yigan, segundo relato do jornal "New York Times" em Hefei. "Gu Kailai é a principal culpada, e Zhang [Xiaojun, guarda-costas] é o cúmplice."
A nota oficial do tribunal afirma ainda que o assassinato ocorreu na noite de 13 de novembro. O envenenamento teria ocorrido quando o britânico pediu um copo com água após vomitar devido ao consumo de álcool e de chá.
Nesse momento, Gu teria colocado veneno na boca de Heywood. A substância havia sido trazida por Zhang Xiaojun, que também se sentou no banco dos réus.
PARCIALMENTE RESPONSÁVEL
O comunicado afirmou que Heywood era parcialmente responsável pelo crime porque havia ameaçado a segurança do filho de Bo e Gu, Bo Guagua, 24, que vive no exterior e se formou em maio pela Universidade Harvard (EUA). Essa atenuante abre uma brecha para livrar os réus da pena de morte.
O relato oficial do julgamento de quinta, porém, deixou questões em aberto: a origem do veneno, qual era a relação econômica entre Heywood e a família Bo e qual a ameaça contra Bo Guagua.
O julgamento de Gu, tido como o politicamente mais importante em três décadas, teve cobertura discreta da imprensa estatal. Na cidade de Hefei, escolhida por estar a centenas de quilômetros de Chongqing, a única manifestação foi de um grupo de 12 maoistas que apoiam Bo.
O ex-chefe do Partido Comunista de Chongqing foi afastado do cargo em março e colocado em prisão domiciliar, assim como a mulher. O escândalo acabou com suas chances para uma das nove vagas do Comitê Permanente, órgão máximo do governo chinês.
Com informações de FABIANO MAISONNAVE, de Pequim.
Diogo Shiraiwa/Editoria de Arte/Folhapress | ||
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